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maio 2004



EDITORIAL

Resistência

No mês em que o ’Le monde diplomatique’ faz 50 anos, esta edição é dedicada à todas as vozes da resistência que sonham que outro mundo é possível e contribuem para construí-lo


Ignacio Ramonet

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Resistir é dizer não. Não à pobreza. Não esquecimento do Hemisfério Sul. Não à destruição do meio ambiente. Não à guerra preventiva. Não ao policiamento das idéias

Resistir é dizer não. Não ao desprezo. Não à arrogância. Não ao esmagamento econômico. Não aos novos senhores do mundo. Não ao poder financeiro. Não ao G-8. Não ao “Consenso de Washington”. Não ao mercado totalitário. Não ao livre-câmbio integral. Não ao domínio do “Pôquer do Mal” (Banco Mundial, FMI, OCDE e OMC). Não ao hiperprodutivismo. Não aos transgênicos. Não às constantes privatizações. Não à extensão irresistível do setor privado. Não à exclusão. Não à discriminação sexual. Não à regressão social. Não ao desmantelamento da previdência social. Não à pobreza. Não às desigualdades. Não ao esquecimento do Hemisfério Sul. Não à morte de 30 mil crianças pobres diariamente. Não à destruição do meio ambiente. Não à hegemonia militar de uma única hiperpotência. Não à guerra preventiva. Não às guerras de invasão. Não ao terrorismo. Não aos atentados contra a população civil. Não a todos os racismos. Não ao anti-semitismo. Não à islamofobia. Não à paranóia da segurança. Não à vigilância generalizada. Não ao policiamento das idéias. Não à degradação cultural. Não às novas formas de censura. Não aos meios de comunicação mentirosos. Não à mídia que nos manipula.

Resistir também é poder dizer sim. Sim à solidariedade entre os seis bilhões de habitantes de nosso planeta. Sim aos direitos da mulher. Sim a uma ONU renovada

Resistir também é poder dizer sim. Sim à solidariedade entre os seis bilhões de habitantes de nosso planeta. Sim aos direitos da mulher. Sim a uma ONU renovada. Sim a um novo Plano Marshall para ajudar a África. Sim à erradicação definitiva do analfabetismo. Sim a uma ofensiva internacional contra a desigualdade de acesso à informação digital. Sim a uma moratória internacional em favor da preservação da água potável. Sim aos medicamentos genéricos para todo mundo. Sim a uma ação decisiva na luta contra a Aids. Sim à preservação das culturas minoritárias. Sim aos direitos dos indígenas. Sim à justiça social e econômica. Sim a uma Europa mais social e menos mercantil. Sim ao consenso de Porto Alegre. Sim a uma Taxa Tobin para ajudar os cidadãos. Sim a um imposto sobre a venda de armas. Sim à suspensão da dívida externa dos países pobres. Sim à proibição de paraísos fiscais.

Resistir é sonhar que outro mundo é possível. E contribuir para construí-lo.

(Trad.: Jô Amado)