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Comentários sobre esse texto:

Sem emprego e sem futuro

Sinto-me aprisionada, como que numa gaiola. Esta imagem é adequada porque dá a idéia exata de que se pode olhar o que se passa lá fora e nada se pode fazer. Com o título "Sem emprego e sem futuro", de Anne Daguerre, apresenta uma análise dos efeitos da globalização, que já há muito tempo vem também atingindo a Europa e os Estados Unidos. Lá eles criticam as políticas que envolvem o chamado salário-desemprego. A propósito, quanto à nossa situação, nunca compreendi por qual razão se tornou ponto pacífico o descarte de políticas mais elaboradas neste aspecto. Há somente o seguro-desemprego que o empregador é obrigado a encaminhar após uma demissão. Mas se o indivíduo, especializado em alguma área não consegue um novo emprego por cinco anos, ou mais (muito comum)? Na verdade, é muito simples deixar esta massa de desempregados à deriva. Eles inventarão qualquer coisa para sobreviver...

Não é bem visto declarar qualquer descontamento com este e outros absurdos. Por quê? Deve ser por conta de nossa herança cultural, apinhada de oportunistas decadentes, que não valorizavam nem o seu próprio legado cultural. Passaram alguns anos aqui e até hinos de amor ao Brasil foram compostos. Voltamos às exceções. O "grosso", a "nata" nada via além do "o-que-eu-ganho-com-isso"? Triste resultado para um povo que aspirava bem mais que viver em uma gaiola...

Milhões de dólares são desviados dos cofres públicos; ninguém é punido e se houver alguma sanção ao infrator, nada é feito quanto à devolução. O juiz Nicolau parece ser uma honrosa exceção. Os últimos acontecimentos provam a ineficácia e a má-vontade quanto à uma efetiva reparação de todo tipo de ataque ao dinheiro público.

O quê há neste país? Por que a inércia? Não há reação, de fato, quanto a toda esta descarada usurpação do poder público, e que visa tão somente a perpetuação de privilégios. Com uma ou outra exceção, todos os partidos têm apoiado a subserviência dos governantes estaduais ao governo central, como se em conjunto fizessem parte de uma orquestra bem afinada. Ninguém pretende questionar o maestro... E os parlamentares, tanto da Câmara de Deputados como do Senado falam do País como se este estivesse fora de seu alcance. Serão "obrigados" a comparecer três dias em julho, e os mesmos três dias em agosto, senão ficam sem salário...

Até que ponto de nossa história nos acovardaremos? Há um hino brasileiro que diz: "(...) Povo que não tem virtude acaba por ser escravo!".

Venho descobrindo a Argentina (viram "Visões", com Antônio Banderas e Emma Thompson, que fala da tortura e os intelectuais naquele país?) O recurso da premonição pelo personagem de Banderas dá um caráter um tanto irracional ao roteiro. No entanto, pode ser uma metáfora sobre alguém que, na prática se vê impotente diante da realidade da tortura, e procure encontrar sua esposa e amigos e outros tantos "desaparecidos" pelo regime argentino.

Evidentemente, podemos perceber que este raciocínio é válido para povos e pessoas que ainda têm senso de dever para com o círculo de seus amores, e por extensão pelo destino de seu país. O técnico da seleção brasileira de futebol, Carlos Alberto Parreira, Zagalo e os jogadores são a estampa desta indiferença congênita, que nos é peculiar, com o bem dos outros. Amor ou dinheiro? Eu sempre achei, como em geral é consenso, que há aproveitamento das glórias do futebol brasileiro. Nunca me entusiasmei com os jogos. O duro foi ver(vermos) que eles preferiram descaradamente o dinheiro, e nem disfarçaram. Conclusão: os contratos já estavam assinados, portanto, mais dinheiro...

Nada de novo. Este é o país do "jeitinho".

A cobra começa a morder o próprio rabo... Está ficando difícil de encarar o espelho. Até quando seremos rastejantes; até quando viveremos de migalhas de emprego, bolsa-família, troca de favores, loterias esportivas, dos big brothers da vida, universitários que devido à competição predatória buscam somente o diploma e professores que são forçados a esquemas de mercantilismo vil, parlamentares que serão absolvidos por esquemas com ambulâncias, e outros que foram viajar tal como o Tche pela América Latina, ou seja, nada além de singelos devaneios juvenis, mesmo tendo culpas até o pescoço, um presidente mascarado e uma oposição oportunista, enfim, um rol de covardias e desesperanças.

Vivo aqui, e por isso tenho que me manifestar. Tenho consciência que esta vida que aparentemente temos, é pouco mais que sobrevivência: onde foi parar a cultura e a música, por exemplo, que eram produzidas até a década de oitenta no Brasil? Permitimos que as transnacionais "produzissem" a nossa identidade nacional...

Temos vivido por um prato de comida, para não perder o emprego, e ainda damos graças a Deus pelos salários baixos que em geral recebemos. Se para eles a perspectiva é ’Sem emprego e sem futuro’, com o "material desumano" que temos aqui vai restar somente o refrão do Gonzaguinha "fé na vida". Isto porque todas as demais propostas foram jogadas ao chão. Lembremos, no entanto, que é no nosso solo fértil que eles rastejam. Temos que arranjar coragem e força para voar...


Lúcia Nunes - Jornalista
2006-07-07 10:18:54

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