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GUERRA DA ARGÉLIA

Os "traidores" que salvaram a honra

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"Nós não teríamos de participar da arena política", diria o escritor Maurice Nadeau, "se os partidos de esquerda não tivessem demonstrado uma impotência e uma timidez incompreensíveis"

Dominique Vidal - (12/09/2000)

Fascinante, a edição de 5 de setembro de 1960 (com data de 6) de Le Monde. O jornal dedica as seis colunas da primeira página à entrevista coletiva do general De Gaulle, negando às Nações Unidas o direito "de intervir num assunto que é de competência exclusiva da França". E o presidente da República se vangloria de ter engajado a França "na marcha para a emancipação dos povos", avisando "A Argélia argelina já está a caminho", porém acrescentando: "Quem poderia acreditar que a França (...) iria negociar o futuro da Argélia unicamente com os insurreitos? (...) Isso equivaleria a admitir que o direito da metralhadora vale mais que o direito do voto."

Nessa mesma edição, na última página, uma matéria curta anuncia: "Começa hoje, perante um tribunal militar, o processo dos membros da ’rede Jeanson’." No banco dos réus estariam 23 pessoas — 17 "metropolitanos" e seis "muçulmanos" —, mas não Francis Jeanson, foragido. São acusadas de ter redigido e distribuído o folheto Verdade, de ter levantado fundos e distribuído material de propaganda da Frente de Libertação Nacional (FLN) e de ter alugado apartamentos para militantes argelinos clandestinos: o suficiente para serem acusados de "atentar contra a segurança externa do Estado". Finda a notícia, segue-se, num parágrafo de oito linhas: "Cento e vinte e um escritores, professores universitários e artistas assinaram ontem uma declaração sobre o direito à insubmissão na guerra da Argélia: ’Respeitamos e consideramos justificada a recusa de pegar em armas contra o povo argelino’, conclui o documento."

Cresce a luta pela paz

Iniciava-se assim o caso do Manifesto dos 121.

Passavam-se seis anos que a França "mantinha a ordem" em seus "três departamentos" [1] da Argélia — ou seja: tortura e massacres em grande escala. Após um ano na presidência, De Gaulle mantém uma certa distância dos adeptos da Argélia francesa, mas se por um lado ele agora defende a autodeterminação, não se resolve — pelo menos até então — a negociar com os "rebeldes". Por isso, a esperança surgida com a divulgação de negociações diretas — no dia 25 de junho, em Melun — desaparecera em quatro dias. Hubert Beuve Méry, fundador e diretor de Le Monde (e que assinava seus editoriais com o pseudônimo Sirius), entendia ser "lamentável" que a FLN "não tivesse conseguido enxergar a melhor e mais segura via (...) para uma evolução pacífica", ao mesmo tempo que "não menos lamentável é que os representantes da França não abram mão de dar ao ’cessar-fogo’ a conotação de rendição, que seria um pré-requisito a qualquer discussão de caráter político". [2]

Em resumo, um novo impasse. No mesmo ano em que a França se resignava a perder a soberania de uma quinzena de suas ex-colônias, recusava-se, obstinadamente, a fazê-lo no caso da Argélia. É claro que, na esfera internacional, a causa da FLN avançava. Porém, na imprensa francesa, prevalecia a confusão: dissipava-se a ilusão da Argélia francesa, crescia a aspiração à paz; no entanto, apenas uma minoria aceitava a independência. E é aí, sem dúvida, que está o principal motivo dos 121 — tal como, antes deles, o dos militantes das redes de apoio à FLN: o receio de que uma guerra que se esperava ver logo terminada recomeçasse de novo, com seu desfile de horrores.

A prática generalizada da tortura

O que fazer? A esquerda "clássica", varrida na eleição de 1958 pela avalanche gaullista, patina na impotência. O Partido Socialista (na época Seção Francesa da Internacional Operária, SFIO), que não apóia a negociação com a FLN, jamais conseguirá fazer esquecer a esmagadora responsabilidade que teve na generalização da guerra, principalmente depois que o governo Guy Mollet (SFIO) traiu os acordos da Frente republicana, que ganhara com ampla vantagem as eleições de 1956. Quanto ao Partido Comunista (PCF), mantém-se fiel à tradição das reuniões e manifestações pela "paz na Argélia". Aliás, o jornal L’Humanité [3] expressa sua solidariedade aos 121... ao mesmo tempo que os critica: "Nós, comunistas, temos uma concepção diferente da luta pela paz." E ainda cita Maurice Thorez, então secretário-geral do partido, que, evocando Lênin, diz: "O soldado comunista participa de qualquer guerra, até de uma guerra reacionária, para continuar sua luta contra a guerra." [4] Até o jovem PSU (Partido Socialista Unificado), numa declaração de apoio, assinala que signatários "colocam o problema da esquerda francesa e do nacionalismo argelino em termos que não são os do PSU". [5]

"Nós não teríamos que participar da arena política", diria o escritor Maurice Nadeau, signatário do Manifesto "se os partidos de esquerda tivessem feito a lição de casa, se não tivessem demonstrado uma impotência e uma timidez doutrinária incompreensíveis." [6] Portanto, os que realmente desejam o fim da guerra e uma solidariedade concreta com o povo argelino terão que buscar outra opção. A partir de 1958, com o lançamento os livros La Gangrène e La Question — publicados pelas Editions de Minuit e imediatamente apreendidos, pois divulgavam a prática generalizada da tortura — centenas de militantes já se mobilizavam. Um outro grupo cria o Comitê Maurice Audin [7]com o objetivo de apurar a verdade sobre o "desaparecimento" de um estudante de matemática seqüestrado pelos pára-quedistas. Em junho de 1960, personalidades das mais variadas correntes de opinião — inclusive gaullistas — unem-se para criar o Comitê Djamila Boupacha, combatente da FLN que fora presa e a quem a advogada Gisèle Halimi tentava salvar da morte.

A gota d’água

"No início da guerra", declarou Hélène Cuénat, uma das principais acusadas no processo Jeanson, "eu comecei participando de ações legais. (...) Mas tornou-se evidente que isso não levaria a nada. A guerra continuava. Pareceu-me que não havia senão uma alternativa: apoiar a causa de um povo que lutava contra o anticolonialismo." [8] Assim como ela, centenas de militantes passam à clandestinidade — os primeiros, em 1957, os outros, depois. As redes, principalmente aquela dirigida por Francis Jeanson, e depois por Henri Curiel, [9] decidem passar à ajuda, na prática, aos militantes da FLN argelina. Trotskistas, dissidentes comunistas, cristãos progressistas, padres operários, anticolonialistas para quem a via revolucionária passava por Argel, republicanos preocupados com a "fascistização" do regime e simplesmente democratas, revoltados com a tortura, ninguém ou quase ninguém se conhecia — pelo menos até o mês de setembro de 1960.

Na introdução ao já citado livro que publicou em janeiro de 1961 sobre o Manifesto dos 121, François Maspero escreve: "A conseqüência imediata foi a da gota d’água — mas o copo nem chegou a transbordar. Naquele ano de 1960, havia uma expectativa de que se assumisse uma posição como aquela. Só era necessária a coragem para fazê-lo e aquele momento se transformou em fato histórico justamente porque se encontrou a coragem para o fazer." Hoje, com a distância do tempo, percebe-se claramente que a coincidência da data — evidentemente premeditada — foi o estopim de tudo.

A repressão brutal

Embora os debates se tenham dado de modo extremamente confuso, o processo destaca, em primeiro plano, o compromisso assumido — e até então ignorado — por aqueles que passaram a ser chamados "carregadores de bagagem". Precisamente no mesmo dia, o Manifesto revela a existência de jovens soldados — mais de três mil — que se recusam a ir "pacificar" a Argélia, ou seja, desertam para não cometer atrocidades. Embora os nomes dos militantes das redes sejam desconhecidos, os dos signatários do Manifesto (veja, nesta edição, o texto do Manifesto com as 121 assinaturas), bem como os das "testemunhas de moralidade" que desfilam pelo tribunal da rua Cherche-Midi, chamam a atenção da opinião pública. "Jean-Paul Sartre, Simone Signoret e mais uma centena de pessoas podem pegar cinco anos de cadeia" diz, em sua manchete de 8 de setembro, o jornal Paris-Presse...

E então o poder revidou com uma repressão cuja desproporção e brutalidade foram chocantes. A cada dia, nova lista de interrogatórios, processos, detenções e apreensão de jornais. Naquele mês de setembro, o Conselho de Ministros aumentaria as penas em casos de insubmissão, deserção e desobediência, afastaria funcionários públicos envolvidos e chegaria a proibir os 121 de dar qualquer entrevista a rádio ou televisão ou de participar de programas de cinema ou teatro (subvencionados pelo governo). No dia 12 de outubro, a maioria dos professores que haviam assinado o manifesto foram informados de sua suspensão. No dia 25, a polícia prende seis ativistas da rede Curiel, entre os quais ele próprio. Nesse ínterim, no dia 1º de outubro, naquela mesma sala da ex-prisão de Cherche-Midi — onde fora condenado anos antes o capitão Alfred Dreyfus — quatorze acusados de pertencer à rede seriam condenados à pena máxima de seis anos de cadeia, outros três a penas de oito meses a cinco anos, e os três restantes, absolvidos.

Convergência de forças

Se, através dessa repressão, o poder esperava silenciar quem apoiava a independência da Argélia, enganou-se redondamente. Apesar das repugnantes campanhas desencadeadas pelos "ultras" e sua imprensa, a multiplicação de violações das liberdades públicas acaba despertando um grande número de cidadãos que até então apoiavam — ou se haviam resignado com — a guerra. Até a Igreja católica reage: "Os jovens que se recusarem a cometer ações desonrosas conquistam a moral, o direito e a lei" escreve, a 13 de outubro de 1960, o redator-chefe do jornal La Croix, R. P. Wenger.

Após o processo Jeanson e o Manifesto dos 121, nada será como antes. A começar pela manifestação de 27 de outubro — primeiro proibida, depois permitida e, apesar disso, brutalmente reprimida —, organizada pela União Nacional dos Estudantes da França (Unef). Não só a manifestação consegue reunir um recorde, na época, de 20 mil participantes, mas obriga a totalidade dos partidos de esquerda e dos sindicatos, meio a contra-gosto, a aderir à iniciativa estudantil. Essa ação de convergência, que já se esboçava na primavera de 1961, é uma prévia das grandes mobilizações contra a Organização do Exército Secreto (OAS) do final de 1961 e início de 1962 e, principalmente, da grande manifestação de Charonne, que seria o catalisador para os acordos de Evian e, enfim, a paz.

A conquista da liberdade

"O processo Jeanson"- diz o jornalista comunista Henri Alleg em seu livro La Guerre d’Algérie [10] — "foi um elemento catalisador de certas camadas da população. E também revela — talvez principalmente — a lenta porém constante progressão de sua oposição à aventura colonial, bem como a seus métodos bárbaros. Um movimento que se vem alastrando a vários setores da opinião pública, consolidando-se a cada dia que passa de forma cada vez mais forte, apesar da propaganda oficial e da conhecida ambigüidade do discurso gaullista — uma impaciência que cresce à medida que a guerra se prolonga."

Seria a história injusta? Para vários estudiosos da Quinta República, De Gaulle — que foi reconduzido ao poder com o apoio do exército e dos "ultras", e portanto incumbido de manter a Argélia no colo da França — teria na verdade secretamente se convencido do fato inevitável da independência. E a sua política — incluindo os zigue-zagues — teria tido o objetivo de ir convencendo progressivamente os franceses. Teria, portanto, sido em vão, o sacrifício dos combatentes e militantes da FLN? Teria sido inútil o engajamento dos franceses que permitiram à opinião pública ter um peso crescente, até maciço, na luta pela paz? Claro que não. Se é verdade que o general previa, para o seu país, projetos que passavam pelo fim da guerra, é evidente que também alimentava fórmulas que não implicavam na independência pura e simples da Argélia. Os argelinos devem a sua liberdade, sem dúvida alguma, à sua própria luta e, de certa forma, ao apoio que receberam de seus amigos franceses.

A honra da França

Quarenta anos depois, por ocasião de sua visita à França em junho de 2000, o presidente Abdelaziz Bouteflika encontrou-se com alguns desses "Amigos da Argélia" E contou-lhes, com evidente emoção, o encontro que tivera, em 1966, com Francis Jeanson. Após ter ouvido um agradecimento de seu interlocutor, o dirigente da rede respondeu-lhe: "E o que é que você pensa que conhece da França além de Bugeaud e Bigeard? [11] Você está falando comigo como se eu tivesse traído o meu país. A partir de hoje, gostaria que você nunca esquecesse que meus companheiros e eu nada fizemos senão o nosso dever, pois nós somos a outra face da França. Nós somos a honra da França."

Traduzido por Jô Amado.



[1] N.T.: Département é uma divisão administrativa do território francês que equivale, aproximadamente, a "província" ou, no caso de repúblicas federativas, a "Estado".

[2] Le Monde, 7 de setembro de 1960.

[3] L’Humanité é o jornal oficial do Partido Comunista Francês.

[4] Le Monde, 10 de setembro de 1960.

[5] Le Monde, 13 de setembro de 1960.

[6] Le Droit à l’insoumission (Le dossier des "121") , ed. François Maspero, Paris, 1961.

[7] Ler, de Pierre Vidal-Naquet, L’Affaire Audin, Editions de Minuit, 1958.

[8] Le Procès du réseau Jeanson, ed. François Maspero, 1961.

[9] Ler, de Gilles Perrault, "Henri Curiel, citoyen du tiers-monde", Le Monde Diplomatique, abril de 1998.

[10] Três volumes, ed. Temps Actuel, Paris, 1981.

[11] N.T.: Bugeaud e Bigeard eram os nomes de dois comandantes do corpo de pára-quedistas franceses.


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