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DOSSIÊ IRAQUE

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Em 1983, os dirigentes norte-americanos sabiam, graças à missão de Donald Rumsfeld, que o exército iraquiano utilizava armas químicas. Sem levar isso em consideração, forneceram uma ajuda de vários tipos – inclusive militar

Eric Rouleau - (01/02/2003)

O secretário norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld, não disfarça: é um “falcão”, partidário da força contra o presidente Saddam Hussein. Recentemente, zombou da “velha Europa”, essa França e essa Alemanha que se mostram reticentes em relação à guerra. Está convencido de que Bagdá vem enganando os inspetores das Nações Unidas e “se o presidente Bush decidisse recorrer à força, com certeza apresentaria ao mundo informações adicionais relativas às armas de destruição em massa do Iraque”.

Rumsfeld sabe do que fala. Em dezembro de 1983, foi enviado a Bagdá pelo presidente Ronald Reagan para restabelecer relações entre os dois países. A guerra entre o Irã e o Iraque estava no auge e, no dia 26 de novembro de 1983, o presidente norte-americano adotara uma orientação secreta – uma das raras, dessa época, que continua inacessível ao público – no sentido de ajudar Bagdá a conter “a revolução islâmica1”. Alguns meses depois, graças à missão de Rumsfeld, foram restabelecidas as relações diplomáticas entre os dois países. Os dirigentes norte-americanos sabiam, naquela época, que o exército iraquiano utilizava armas químicas. Sem levar isso em consideração, forneceram uma ajuda de vários tipos – inclusive militar2.

O silêncio oficial

Entre 1991 e 1998, os inspetores das Nações Unidas descobriram que os EUA tinham vendido ao Iraque peças de mísseis e componentes químicos e bacteriológicos

Essa ajuda também tinha a ver com o setor de armas de destruição em massa. Entre 1991 e 1998, os inspetores das Nações Unidas descobriram que os Estados Unidos tinham vendido ao Iraque peças de mísseis e componentes químicos e bacteriológicos. É verdade que as empresas alemãs, francesas e britânicas não ficaram atrás.

Essa cooperação ganhou proporções sinistras por ocasião do massacre de Halabja, em março de 1988. Cerca de 7 mil curdos iraquianos foram asfixiados com gases venenosos pelo exército de Saddam Hussein. Foi então que o Departamento de Estado norte-americano decidiu lançar uma campanha de desinformação. O pesquisador norte-americano Joost R. Hiltermann, que prepara um livro sobre o assunto, explica: “A história foi preparada pelo Pentágono. (...) Um novo documento do Departamento de Estado, tornado acessível recentemente, mostra que os diplomatas norte-americanos receberam instruções no sentido de confirmar essa linha [da responsabilidade iraquiana] junto aos aliados dos Estados Unidos, mas recusando-se a discutir os detalhes3.”

De todo esse período, não se ouve uma palavra nos meios oficiais em Washington. Questionado sobre Halabja por um jornalista, o porta-voz da Casa Branca respondeu: “Respondo pelo presidente Bush em 2003. Se você tem uma pergunta relacionada a declaralções feitas em 1988, deverá dirigir-se a outra pessoa.” Talvez Rumsfeld? Ou Richard Cheney, atual vice-presidente que, desde março de 1989 era o secretário da Defesa e deu prosseguimento à política de cooperação com Saddam Hussein?

(Trad.: Jô Amado)

1 - Ler “US Had a Role in Iraq Buildup”, The Washington Post, 30 de dezembro de 2002.
2 - Ler “Objectif Bagdad”, Le Monde diplomatique, setembro de 2002.
3 - Ler, de Joost R. Hiltermann, o artigo “America didn’t seem to mind poison gas”, International Herald Tribune, 17 de janeiro de 2003.




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