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CINEMA

A marginalização da produção independente

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Se forem considerados apenas os números, 2002 foi um ano de boa safra para o cinema francês:163 filmes, dos quais 67 são obras de estréia do autor. Várias mudanças, entretanto, deixam dúvidas sobre a vitalidade do cinema independente.

Carlos Pardo - (01/05/2003)

O espectador embrutecido que, por azar, tiver escapado à intoxicação publicitária, poderá encontrar o mesmo produto em toda parte

Há dez anos, a exibição de filmes é o setor que suscita mais controvérsias. Os circuitos estabeleceram aí seu domínio1. O número de telas cresceu enormemente na França, pois passou de 4.272 em 1993 - ano de abertura do primeiro grande espaço de salas múltiplas (multiplex) - para 5.236 telas em 2002. Nos últimos três anos, o número de cópias de filmes em circulação aumentou 24%. Os blockbusters são os que melhor se adaptam a esse tipo de exibição criada pelos espaços de múltiplas salas. Atualmente, todas as quartas-feiras oferecem seu “filme acontecimento”, escolhido dentre a dezena de novidades lançadas no mercado. Só uma oferta em excesso permite ao distribuidor que seu filme seja selecionado no lote. Uma única preocupação - a da rentabilidade imediata. Em 2002, os distribuidores gastaram 217.893 milhões de euros em publicidade (mais de 720 milhões de reais). Em 1992, essa despesa foi de 33.340 milhões (110 milhões de reais).

O espectador embrutecido que, por azar, tiver escapado à intoxicação publicitária, poderá encontrar o mesmo produto em toda parte. O recorde do número de cópias foi batido por Harry Potter, distribuído em 1007 unidades em dezembro de 2002. Neste período de festas, quatro filmes ocupavam, sozinhos, 70% das telas. Porque, ao lado de Harry Potter, encontravam-se as 955 cópias do filme Senhor dos anéisPlaneta do tesouro e as 713 de . A saturação havia chegado ao máximo, pois, no total, contavam-se cerca de nove mil cópias em circulação.

Independentes à margem

Neste período de festas, quatro filmes ocupavam, sozinhos, 70% das telas e o recorde do número de cópias foi batido por Harry Potter, distribuído em 1007 unidades

“Diante dos enormes recursos utilizados pelos ‘grandes’, não os posso acompanhar. Os independentes são, forçosamente, colocados à margem”, conta Régine Vial que, entretanto, é a feliz distribuidora da boa surpresa do ano: Etre et avoir2. À véspera de nosso encontro, lendo a lista das salas que projetavam o último filme que distribuiu, Un Monde presque paisible, de Michel Deville, Régine Vial constatava que, no interior, um espaço de múltiplas salas havia, depois do quarto dia de exibição, suprimido quatro sessões diárias desse filme. “Em relação a esse tipo de prática, não se pode fazer nada. Evidentemente, não fui informada no momento em que os fatos ocorreram”. O acordo com o exibidor de um filme não se faz mais senão por telefone. Não há nada por escrito, nenhum recurso jurídico possível.

“A partir de um certo número de ingressos, o exibidor não pode mais continuar apresentando um filme porque perde dinheiro. Devido aos blockbusters, esse número é muito alto em algumas salas”, explica o produtor Alain Rozanès. “Um independente que possui um filme com potencial comercial ainda pode lançá-lo com oitenta cópias. O problema é continuar fazendo com que esses filmes existam diante de tiragens de mais de oitocentas cópias.”

Sobrevivência depende de invenção permanente

Diante dos enormes recursos utilizados pelos “grandes”, os independentes são, forçosamente, colocados à margem

Quando lançaram a distribuição de Rêve d’usine3 com dez cópias, Sacha Brasseur e Emmanuel Atlan tinham consciência de se situarem à margem da margem. “Esta realidade tende a desaparecer. Os grandes filmes são lançados em ‘copiar-colar’, num esquema pré-estabelecido, com espaços publicitários alugados por um ano”. A sobrevivência de sua atividade passa pela invenção permanente. Desse modo, a região Centro, que havia apoiado Rêve d’usine antes de sua filmagem, atuou igualmente para organizar, em toda a região, sessões seguidas de debates com o realizador, mas também com sociólogos, sindicalistas e jornalistas.

Seria possível pensar que só os pequenos sofrem. Mas, quando se ouve Charles Gassot, ligado ao grupo TF1, defender a implantação de cotas nas salas, compreende-se que a situação é mais complexa. Igualmente, pode-se ficar surpreso ao ver René Cleitman - produtor na Hachette Première, 100% filial do grupo Lagardère - aderir ao sindicato dos produtores independentes! “Para financiar meus filmes, tenho que me dirigir às mesmas fontes que meus colegas. Apenas estou numa posição melhor que a da maioria deles em caso de fracasso”, reconhece o produtor do Hussard sur le toit. Se o SPI aceita a adesão de Cleitman, é simplesmente porque sua empresa não pertence a um distribuidor... Por enquanto, pois quando se fala de uma eventual retomada do Canal Plus, o grupo Lagardère é normalmente citado.

Concentração de público em poucos filmes

Seria possível pensar que só os pequenos sofrem. Mas, quando se ouve a defesa da implantação de cotas nas salas, compreende-se que a situação é mais complexa

“A preocupação dos profissionais não está em contradição com um balanço relativamente positivo”, admite David Kessler, diretor geral do Centro Nacional de Cinematografia. “Em termos de nossa parte do mercado, cerca de 30% continua satisfatória, mas é necessário notar a existência de uma concentração maior do público em torno de um pequeno número de filmes. Astérix, Mission Cléopâtre atraiu, sozinho, 14,5 milhões de espectadores, mas nenhum filme francês se situa entre cinco e dez milhões de ingressos. Os gargalos de exibição são tais, que o sistema mata os filmes”. E, às vezes, aqueles encarregados de sua circulação.

No início de 2003, um dos mais brilhantes exportadores franceses, Jacques Le Glou, declarou sua empresa em situação de concordata. “A concentração provocou uma mudança sociológica do espectador, uma cretinização dos espíritos. Atualmente, os filmes são considerados uma mera diversão. Os independentes, hoje, são obrigados a ter um sucesso por ano”, enfatiza esse profissional que conta em seu catálogo com os últimos grandes sucessos do cinema independente: Marius et Jeannette, Vénus Beauté (Institut), Harry, un ami qui vous veut du bien… “Os festivais e os mercados multiplicaram-se. Então, isso acaba com os independentes, devido aos custos cada vez mais altos que sua presença supõe.”

As vicissitudes registradas pela Vivendi Universal4 e sua filial Canal Plus, normalmente chamada de “financiadora do cinema francês”, estiveram, é claro, no cerne das preocupações da profissão. E é o conjunto do sistema de financiamento dos filmes que parece em final de ciclo. Recentemente, três Soficas5 (Sofinergie, Studio Images e Gimages – as duas últimas ligadas à Vivendi) suspenderam suas atividades. As indústrias técnicas, tradicionalmente o último elo na cadeia de pagamentos, operam no vermelho6. “O maná financeiro que apareceu em meados da década de 80 dopou a profissão, mas também a embalou num novo luxo. Os produtores tornaram-se dependentes demais do Canal Plus e não tentaram inventar outras soluções”, analisa o produtor Humbert Balsan.

O cinema francês é vítima da má administração do grupo Vivendi Universal, dona do Canal Plus France, principal financiador de filmes no país

Sempre limitado por obrigações de investir no cinema francês, o Canal Plus, no entanto, reviu seus compromissos nos últimos anos. Em 2002, 123 milhões de euros (410 milhões de reais) foram investidos na pré-compra de filmes franceses, contra os 153 milhões no ano anterior. A exibição por televisão paga “só” interveio em 98 dos 163 filmes produzidos, ou seja, em cerca de 60% da produção, ao invés dos 80% em 1999.

Para Charles Gassot, “o cinema francês é vítima da má administração do grupo Vivendi Universal. As contas do Canal Plus France são positivas. O que prejudica o cinema francês são os investimentos arriscados do grupo, a vontade de seu diretor geral de ser dono de um estúdio hollywoodiano”.

Paliativo à ruína dos distribuidores

O maior erro dos profissionais foi terem deixado desaparecer o vínculo comercial entre o filme e a sala. Porque, quando apareceram na década de 80, as novas fontes de financiamento serviram de paliativo à ruína dos distribuidores que, até então, participavam da montagem financeira com um aporte mínimo garantido no valor de 20% a 40% do orçamento dos filmes. Agora, o aporte dos distribuidores, quando existe, é de cerca de 5% do orçamento. Apenas os circuitos integrados vêem sua produção ligada à exibição. Progressivamente, o Canal Plus se voltou para filmes mais comerciais em detrimento do cinema independente, para cuja salvação – também – fora criado…

A França produz inúmeros filmes de estréia... Mal produzidos, mal distribuídos, mal assistidos, esses filmes não deixam prever qualquer perspectiva para seus autores

A guerra entre o conjunto de programas oferecidos pelo canal pago Canalsatellite e por seu concorrente TPS – cujos acionistas são a TF1 e o M6 – limitou-se, num primeiro momento, à área do cinema. Mas é em torno do futebol que se travam os combates mais duros. Os dois conjuntos de programas pagos começaram, recentemente, um jogo de oferta de lances cada vez mais altos pela compra dos direitos televisivos do campeonato francês: o grupo Canal não hesitou em pôr sobre a mesa da Liga de Futebol 480 milhões de euros por temporada (mais de 1,5 bilhão de reais), por um contrato de exclusividade de quatro anos7. Essa aposta alta dos dirigentes do Canal Plus que, ao mesmo tempo, demitem à vontade, poderia abrir a porta para uma fusão entre o Canalsatellite e a TPS, aumentando ainda mais a concentração

Os desvios do “dinheiro fácil”

“As falências entre os produtores sempre existiram”, diz o produtor Alain Rocca. “Não se trabalha neste ofício como se desempenha o trabalho de engenheiro na Dassault. A questão a ser colocada é: ‘O que esses 160 filmes franceses produzem?’ Confesso ter tido muita dificuldade em votar nos candidatos ao César deste ano. Essa sopa insossa é a única crise que me interessa.”

Segundo Philippe Carcassonne, corre-se o risco de se encontrar diante de um cinema com duas modalidades: “Um cineasta estreante tem duas opções: tornar-se o novo Christophe Gans (Le Pacte des loups) ou o novo Philippe Grandrieux (Sombre). Praticamente, não há uma posição viável entre esses dois extremos”. Carcassonne, ligado ao grupo Pathé, produziu filmes de Claude Sautet, Patrice Leconte, André Téchiné… “Um cinema adulto cujo público não está mais sintonizado com a realidade de consumo do cinema.”

O “dinheiro fácil” dos últimos 20 anos levou a muitos desvios. Como aquele que viu subir o orçamento médio dos filmes. Equivalente a 3,43 milhões de euros (11,5 milhões de reais) em 1993, esse valor passou para 4,44 milhões (quase 15 milhões de reais) em 2002. Foram produzidos 41 filmes com um orçamento de menos de um milhão de euros em 2002, contra 20 em 1999. A metade desses filmes de pequeno orçamento é constituída de obras de estréia, produzidas como curta-metragem e com a participação dos salários da equipe8. A esse preço, a França pode se vangloriar de produzir inúmeros filmes de estréia... Mal produzidos, mal distribuídos, mal assistidos, esses filmes não deixam prever qualquer perspectiva para seus autores (apenas 31 segundos filmes foram produzidos em 2002). “Funciona-se num sistema de clãs. Se, de início, não se senta à mesa em que os donos da bola dividem o bolo entre si, a gente tem pouca chance de ser convidado para participar dele uma vez terminado o filme”, conta Serge Duveau que só produziu filmes de estréia.

Inflação de custos e decadência de filmes

Quando o financiamento do cinema depende das cadeias de televisão, estas chegam a impor sua estética que, frequentemente, resume-se à seleção dos atores

A inflação dos custos de produção se explica pela explosão do “acima da linha”. Esta expressão designa os postos dos atores, produtores, roteiristas e realizadores. “Por vaidade, nossos atores fixam seus preços com base nos preços de estrelas internacionais, como Julia Roberts ou Bruce Willis que, por sua simples presença, garantem o sucesso planetário dos filmes”, observa Pascal Thomas, atual presidente da Sociedade dos Realizadores de Filmes. Quando o financiamento do cinema depende a esse ponto das cadeias de televisão9, estas chegam a impor sua estética... que, com muita freqüência, se resume à seleção dos atores. O excesso do “acima da linha” provoca o efeito de uma bola de neve sobre todas as funções e arrasta os filmes para uma outra economia.

Por solicitação do Ministério da Cultura, o conselheiro de Estado Jean-Pierre Leclerc acaba de entregar um relatório sobre o financiamento do cinema10, no qual informa sobre essa anomalia. Nesse relatório, frisa que quatro agências de representação de artistas detêm, sozinhas, 80% do mercado e têm muita influência sobre o cinema francês. Para Alain Rocca, “acusa-se o cinema independente de esvaziar as salas. Entretanto, atualmente, um único tipo de cinema excita quem toma as decisões: aquele que não tem nada a dizer, mal escrito, mal filmado, mas com grandes recursos e estrelas. É este segmento da produção que, ocupando o terreno, contribui para a decadência de uma parte do mercado. Um exemplo: Décalage horaire11. Não é vergonhoso que, para um filme de 3 milhões de euros (cerca de 10 milhões de reais), o cinema francês recorra a pequenas novelas sentimentais, estilo água com açúcar. Há um público para esse tipo de filme. Mas não a 10 milhões de euros. O público não é maleável. Ou então, compram-se os espectadores com uma oferta promocional”. O preço de venda de um filme para uma cadeia de televisão é determinado pelo número de ingressos registrado em salas. Ora, se fossem considerados seus custos de produção e de lançamento, muitos sucessos se revelariam, de fato, terríveis fracassos financeiros.

(Trad.: Iraci D. Poleti)

1 - Ler, de Carlos Pardo, “Mort programmée du cinéma français”, Le Monde diplomatique, julho de 2001.
2 - Etre et avoir, documentário de Nicolas Philibert, teve mais de 1,5 milhão de espectadores.
3 - Cf. Le Monde diplomatique, abril de 2003.
4 - Ler o dossiê dedicado à Vivendi Universal, Le Monde diplomatique, maio de 2003; ler também, de Benoît Delmas e Eric Mahé, Western médiatique, ed. Denoël, Paris, 2002.
5 - Empresas de incentivo fiscal para investimentos em cinema e audiovisual, criadas no início da década de 80.
6 - Ler, de Pierre Couveinhes, “Rapport sur les industries techniques du cinéma et de l’audiovisuel”, outubro de 2002, no site www.cnc.fr
7 - A divisão atual das transmissões das partidas de futebol entre a TPS e o Canalsatellite poderia ser mantida até fim de 2004, antes de novas negociações.
8 - A França é o único país do mundo que produz anualmente cerca de 500 curtas-metragens. Esta sua particularidade decorre do regime dos intermitentes do espetáculo que permite que todos os membros de uma equipe trabalhem gratuitamente.
9 - Sobre as relações entre cinema e televisão, ler Le cinéma à l’épreuve du système télévisuel, organizado por Laurent Creton, ed. CNRS, Paris, 2002.
10 - Ver o site do Ministério: www.culture.fr
11 - Comédia de Danielle Thomson, com Juliette Binoche e Jean Reno.




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