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IRAQUE

Os xiitas cortejados pelos EUA

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O CSRII é um partido xiita pragmático, disposto a dialogar com os EUA, com quem tem uma relação turbulenta. Como parceiros de conveniência, cada um já traiu o outro sem remorsos. Seu líder, aiatolá Al-Hakim, poderia ser um novo Kohmeini

Juan Cole - (01/07/2003)

O aiatolá Al-Hakim considera ilegítimo um governo iraquiano designado pelos EUA e diz que não fará parte. Mas as negociações com os norte-americanos continuam

No dia 7 de junho de 2003, o Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque (CSRII), dirigido por um aiatolá de 63 anos, Mohamed Baqer Al-Hakim, comunicou que não participará da equipe de 30 pessoas nomeada pelo novo administrador civil norte-americano, Paul Bremer, para dirigir o Iraque. Para o aiatolá Al-Hakim, é impensável que um governo iraquiano designado por uma potência estrangeira possa ter a mínima legitimidade. O CSRII mantém-se inflexível: os Estados Unidos devem limitar-se a seu plano inicial, que previa a realização de uma convenção nacional cujos delegados elegeriam um governo de transição1.

O CSRII tem uma base de massa e uma ala paramilitar de 10 a 15 mil combatentes treinados - a brigada Badr - comandada pelo irmão mais moço de Baqer Al-Hakim, Abdul Aziz Al-Hakim. Entretanto, ele é passível de evolução porque se insere no emaranhado de negociações complexas conduzidas com Washington há mais de um ano.

A heterogênea maioria xiita

Com base em Teerã, o CSRII é o único grupo islâmico que aderiu aos esforços norte-americanos para derrubar Saddam Hussein. Participou de reuniões em Washington durante o verão de 2002. Desde a queda do regime ba’athista, no dia 9 de abril de 2003, ele começou a se afirmar, principalmente nas cidades de maioria xiita próximas da fronteira iraniana. É aí que se reúnem os repatriados da brigada Badr, milícia formada por iraquianos exilados no Irã e treinados pelos Guardas da Revolução.

Os xiitas representam entre 60% e 65% da população iraquiana. Nas cidades, dividem-se entre os elementos laicizados das camadas médias e operárias e os que são atraídos pelos partidos religiosos. Os xiitas leigos não são organizados politicamente, mas no passado, na década de 50, tinham um peso grande no conjunto de membros de um Partido Comunista forte que contava com 500 mil filiados. No meio rural, sem serem leigos, muitos xiitas preferem seguir os xeques tribais e não os dirigentes clericais.

CSRII: organização e poder bélico

Os xiitas representam entre 60% e 65% da população iraquiana. Os praticantes são bem organizados e se dividem em quatro grupos principais de diferentes tendências

Bem organizados, os xiitas praticantes dividem-se em quatro grupos principais. A maioria segue a família Sadr, atualmente dirigida pelo jovem e dinâmico Muqtada Al-Sadr, de 30 anos e cujo pai, um aiatolá, foi assassinado em fevereiro de 19992. O CSRII é popular nas cidades do Leste, próximas da fronteira com o Irã. No centro das áreas xiitas, domina o partido Al-Da’wa, particularmente em Nasirya e Bassora. Finalmente, um certo número de xiitas segue o grande aiatolá Ali Sistani, de crença quietista e que tem um peso político bem menor do que sugere a eminência de sua posição no seio da hierarquia religiosa.

O CSRII se distingue por um alto grau de organização, por suas capacidades paramilitares e por suas relações irregulares com Washington. Criado em Teerã, em 1982, por Mohamed Baqer al-Hakim e outros dirigentes religiosos iraquianos exilados, muito cedo se opôs a Saddam Hussein. O CSRII reuniu-se várias vezes com o Congresso Nacional Iraquiano, apoiado por Washington durante o outono e o inverno de 2002-2003. Porém, os Estados Unidos parecem cada vez mais pouco à vontade com essa aliança por causa dos laços estreitos entre o CSRII e as facções iranianas mais duras. Eles afastaram a brigada Badr da guerra contra Saddam Hussein, mas aceitaram a colaboração das milícias curdas. É por isso que o CSRII recusou-se a assistir à primeira reunião (15 de abril) da oposição após a queda do regime, marcada, aliás, por manifestações de milhares de xiitas que foram expressar seu repúdio à ocupação.

Rivalidades locais

A cidade de Baquba (280 mil habitantes), a nordeste de Bagdá, é um dos lugares em que o CSRII tornou-se ativo desde o fim da guerra. Os fuzileiros navais norte-americanos só iriam atingir esta capital da província de Diyala após várias semanas. Durante este tempo, as rivalidades locais se desencadearam. No início de abril, combatentes da brigada Badr que voltavam do Irã atacaram violentamente a cidade para disputar o poder com os legalistas do Partido Ba’ath e com os Mudjahidin do Povo, organização iraquiana que combate o regime vigente em Teerã, à qual Saddam Hussein havia autorizado ter bases no Iraque e que Washington colocou na lista das “organizações terroristas”.

Criado em 1982, o CSRII se distingue por um alto grau de organização, por suas capacidades paramilitares e por suas relações irregulares com Washington

No dia 28 de abril, cerca de 3.000 soldados norte-americanos chegaram a Baquba. No dia 4 de maio, o tenente Robert Valdivia declarou ao Arab Times3 que “as forças norte-americanas encontraram ‘ícones’iranianos e um esconderijo de armas pesadas na delegacia de polícia da cidade, e que a polícia local colaborava com as milícias da pretensa brigada Badr, braço armado da mais importante organização xiita do Iraque” (isto é, o CSRII). Em 9 de maio, um capitão se queixa: “Atiram em nós todas as noites”. Um combatente da brigada Badr explica: “Eu quero que as pessoas vivam sob um regime islâmico, quero utilizar os meios de comunicação e as oportunidades de falar para convencê-las disso4”.

"O povo escolherá um regime islâmico"

Ao mesmo tempo, nas cidades vizinhas de Shaharaban e Khalis, a brigada Badr organizava politicamente as populações xiitas, conquistando uma grande popularidade. Por outro lado, milicianos dessa brigada ajudaram um religioso chamado Sayyid Abbas Fadhil em sua tentativa de tomar o poder em Kut, cidade de 380 mil habitantes. Ele ocupou a prefeitura com seu grupo e se declarou prefeito. Num primeiro momento, os fuzileiros navais consideraram a hipótese de matá-lo simplesmente. Por volta de meados de abril, tentaram agir contra ele, mas cerca de 1.200 habitantes se reuniram imediatamente diante de...20 fuzileiros navais: estes se retiraram. Segundo Washington, Fadhil se beneficiou do apoio do Irã e utilizou sua escolta armada para intimidar os outros candidatos ao poder municipal.

No dia 16 de abril, de volta do Irã, Abdul Aziz Al-Hakim, comandante da brigada Badr, foi recebido em Kut por uma multidão de cerca de 20 mil pessoas reunidas por seu partidário, Fadhil, graças ao cargo vantajoso que ocupava. Dali ele convocou uma manifestação antiamericana em Kerbala, mas sem resultado. Dois dias mais tarde, numa entrevista à televisão iraniana, expôs a visão de seu partido para o Iraque. “Nós optaremos primeiro”, disse, “por um sistema político nacional” em que todos os partidos e cultos estarão representados. “Mas”, continuou, “ao final, o povo quererá uma república islâmica”. E acrescentou que, num sistema democrático, a vontade dos xiitas de terem um governo islâmico prevalecerá, pois eles constituem 60% da população.

Proximidade com o Irã

No início de abril, combatentes da brigada Badr que voltavam do Irã atacaram Baquba para disputar o poder com partidários do Ba’ath e com os Mudjahidin do Povo

Em Kut, onde reinava a ordem e os serviços públicos funcionavam, as pessoas faziam fila diante da porta de Fadhil para obter favores políticos. Interpelado a respeito de suas ligações com o Irã, ele desmentiu, mas reconheceu: “Não há nenhum mal em se deixar ajudar pelo Irã, porque são muçulmanos, são nossos irmãos e este país é nosso vizinho”. No fim do mês de abril, os fuzileiros navais lançaram um ultimato a Fadhil: deveria abandonar a prefeitura. Ele o fez a contragosto, mas se vangloriou de poder controlar a cidade tanto a partir da mesquita quanto a partir da prefeitura.

O CSRII conserva uma ampla audiência política nas aglomerações xiitas do Leste, como Baquba, Kut e Amara. E também instalou suas tropas em zonas urbanas mais importantes, como Bassora, de onde envia missionários para as pequenas cidades das redondezas a fim de angariar apoios políticos.

A "democracia islâmica"

Durante esse tempo, em Teerã, o aiatolá Al-Hakim, dirigente do CSRII, continuou a exigir a saída das forças norte-americanas o mais rápido possível. No início do mês de maio, ele definiu quatro tarefas urgentes: extirpar os restos do regime ba’athista; pôr um fim à presença das forças da coalizão; estabelecer um novo regime capaz de responder aos problemas materiais e de restabelecer a ordem; instaurar um governo eleito por todos, qualquer que seja sua comunidade étnica ou religiosa.

O CSRII é expressivo nas aglomerações xiitas do Leste. Em zonas urbanas, como Bassora, instalou tropas e dali envia missionários para angariar apoios políticos

No dia 9 de maio, o aiatolá Al-Hakim voltou enfim ao Iraque, acompanhado por uma carreata de uma centena de carros. Fez uma primeira parada na cidade de Bassora, onde seus partidários colocaram cartazes em todos os lugares, e discursou diante de uma multidão de mais ou menos 10 mil pessoas: “Eu sou um soldado do islã a serviço de todos os iraquianos. Nós não queremos um islamismo extremista, mas um islã que significa independência, justiça e liberdade”. No entanto, admite querer que a lei islâmica (entenda-se “xiita”), seja a lei de todo o Iraque. Seus partidários de Bassora o chamam de “o novo Khomeiny”. Deve-se notar, entretanto, que o entusiasmo por Al-Hakim aí é principalmente moderado e que uma manifestação de 10 mil pessoas não é muito impressionante em se tratando de uma cidade que tem… 1,3 milhão de habitantes.

Um novo Khomeini?

Mais tarde, durante uma conferência de imprensa, o aiatolá expressou seu desejo de um Estado “moderno e islâmico”, onde todos possam se sentir em segurança e onde as mulheres possam desempenhar um papel essencial. Afirmou que, se for governado segundo princípios modernos, o Iraque se tornará o país de uma “jihad da reconstrução, do amor e da amizade, não do ódio e da destruição”. E acrescentou sem, contudo, citar os Estados Unidos: “Queremos um governo independente. Repudiamos qualquer governo imposto”. Disse ainda que “as leis do Iraque deverão ser fundadas em regras islâmicas e proibir comportamentos que talvez sejam aceitáveis no Ocidente, mas que o islã proíbe”.

Quando se decifram suas declarações, compreende-se que Al-Hakim sonha com um Iraque khomeinista, mas que é um político experiente o bastante para não perder as mulheres e os sunitas dizendo-o diretamente. O aiatolá Khomeini e seu círculo haviam enganado do mesmo modo as camadas médias iranianas sobre seus verdadeiros objetivos nos anos que precederam a revolução islâmica de 1979.

Mudança de planos

O aiatolá Al-Hakim queria extirpar os restos do regime ba’athista, expulsar as forças da coalizão, estabelecer um novo regime e instaurar um governo eleito

O principal diretor da Comissão de Reconstrução e de Assistência Humanitária do Pentágono, o general aposentado Jay Garner, convidaria o CSRII para a segunda conferência de personalidades: este enviou uma delegação, mas de segundo escalão. No dia 5 de maio, Garner tentou conciliar-se com o CSRII anunciando que um conselho de dirigentes iria preparar um congresso nacional para junho, no qual os delegados escolheriam um governo de transição. E incluiu os dois partidos curdos, um outro formado por ex-funcionários ba’athistas, o Congresso Nacional Iraquiano de Ahmad Chalabi, e o CSRII. Mais tarde, acrescentou um partido nacionalista sunita criado na década de 60 e o partido xiita al-Daawa.

Através dessas manobras, os falcões do Pentágono tentavam entregar o país nas mãos de seus aliados de longa data, principalmente Chalabi. Porém, o projeto do Ministério da Defesa fracassaria e o Departamento de Estado levaria a melhor, mostrando ao presidente Bush que, sob Garner, a situação no Iraque se tornara desastrosa. Paul Bremer o sucedeu em 12 de maio e abandonou pouco a pouco os projetos de seu antecessor. Ele iria retornar ao “Grupo dos 7”, do qual faria um simples “Comitê de Planejamento”, e declarou sua intenção de lhe acrescentar outros 23 membros, dentre os quais muitos iraquianos que permaneceram no país, diluindo, dessa forma, o poder dos exilados e dos dois partidos curdos. Cancelou também o projeto de realizar, neste verão, um congresso nacional para a eleição de um governo. E comunicou que todos os milicianos deveriam entregar suas armas antes de 15 de junho, com exceção das milícias curdas no Norte.

Relações tensas

Em contradição com as promessas que lhes foram feitas, essas disposições deixaram exasperados os dirigentes do CSRII. Se concordavam em entregar suas armas pesadas, insistiam em que os combatentes da brigada Badr conservassem suas armas automáticas. No dia 7 de junho, Abdul Aziz Al-Hakim declarou que só participaria do conselho designado por Bremer se, a curto prazo, dele sair eleito um governo.

As relações entre os Estados Unidos e o CSRII sempre foram turbulentas. São apenas parceiros de conveniência e, segundo a conjuntura, cada um já traiu o outro sem remorsos. Não se sabe muito bem porque os falcões de Washington se prestaram a essa parceria, mas é provável que Ahmad Chalabi tenha desempenhado um papel importante nisso, garantindo-lhes a moderação do referido movimento e sua grande popularidade entre os xiitas praticantes.

Objetivos semelhantes

Al-Hakim sonha com um Iraque khomeinista, mas é um experiente o bastante para não dizê-lo abertamente, perdendo, assim, o apoio de mulheres e sunitas

Na verdade, a influência do CSRII é limitada. Seus militantes se espalharam por todo o Sul, mas sua implantação continua superficial. A ampla maioria das mesquitas e dos hospitais de Bagdá Leste, de Kufa e de outras cidades são controladas pelo movimento de Muqtada Al-Sadr. Ora, este recusa qualquer contato com os Estados Unidos. Chega a deixar entender, não sem ressentimento, que os Al-Hakim são uns covardes que fugiram do regime de Saddam Hussein para se refugiar em Teerã, ao passo que a família Sadr correu todos os riscos ficando no país.

Se o CSRII é um partido pragmático, disposto a tratar até com os Estados Unidos, seus objetivos são, a longo prazo, semelhantes aos de Al-Sadr. Ambos querem uma república islâmica sob o controle religioso dos xiitas. É provável que nenhum deles atinja seus objetivos, dada a existência de uma importante minoria sunita no Iraque e a hostilidade dos Estados Unidos a qualquer teocracia. Entre os Estados Unidos e o CSRII, a seqüência de decisões ou de atos contraditórios pode continuar por algum tempo ainda, alternando cooperação e descompromisso. Mas esse par que não se harmoniza, e que até recentemente namorava com ardor entre duas brigas de casal, está, aparentemente, condenado ao divórcio dentro de um prazo mais ou menos curto.

(Trad.: Iraci D. Poleti)

1 - Ler, de David Baran, “A remontagem de uma terra ocupada”, Le Monde diplomatique, junho de 2003.
2 - Ler, de Alain Gresh, “Qui a tué l’ayatollah Mohamed Sadek Al-Sadr”, Le Monde diplomatique, julho de 1999.
3 - Arab Times, Kuait, 4 de maio de 2003.
4 - Knight Ritter Newspaper, 9 de maio de 2003.




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