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MÍDIA

Desinformação à israelense

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Com traduções desonestas e “seleção” cuidadosa de textos, o Memri constrói a idéia de que as mídias árabes são dominadas por um grupo de fanáticos anti-ocidentais e anti-semitas

Mohammed El Oifi - (01/09/2005)

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Traduções das mídias em árabe, hebraico e persa são distribuídas gratuitamente às mídias, instituições e aos dirigentes políticos ocidentais

Fundado em 1998 pelo coronel Yigal Carmon, ex-membro dos serviços de informação israelenses, o Middle East Media Research Institute (Memri) [Instituto de Pesquisa Midiática do Oriente Médio], instalado em Washington, é um centro de tradução das mídias, essencialmente árabes e iranianas, para línguas européias. Seu sítio na internet indica que ele “explora o Oriente Médio através das mídias da região. O Memri cria uma ponte entre o Ocidente e o Oriente Médio por meio de traduções das mídias em árabe, hebraico e persa, além de análises originais das tendências políticas, ideológicas, intelectuais, sociais, culturais e religiosas da região1”.

Seu objetivo seria, então, o de “trazer elementos de informação ao debate sobre a política norte-americana no Oriente Médio. É uma organização independente, não-partidária, sem fins lucrativos. Ela possui escritórios em Berlim, Londres e Jerusalém. Ela fornece traduções em inglês, alemão, espanhol, francês, hebraico, italiano, russo e turco”. Este serviço é enviado gratuitamente de maneira regular e maciça às mídias, instituições e aos dirigentes políticos ocidentais, especialmente aos membros do Congresso dos Estados Unidos.

Mídia de propaganda

O Memri tende a apresentar como majoritárias correntes de idéias muito minoritárias na imprensa e nas mídias árabes

Além disso, o Memri TV Monitor Project “vigia” os principais canais de televisão árabes e iranianos. O Instituto realiza de maneira pontual a legendagem e a distribuição de trechos curtos, cuidadosamente selecionados, de programas destas TV’s. Ele os fornece gratuitamente às emissoras ocidentais ou às diversas instâncias de regulação audiovisual.

Toda a operação se dá na seleção de textos e das seqüências que o Instituto escolhe para traduzir. Ele tende a apresentar como majoritárias correntes de idéias muito minoritárias na imprensa e nas mídias árabes. Assim, o leitor que não domina o árabe e que precisa se contentar com a leitura dessas traduções tem a impressão de que as mídias árabes são dominadas por um grupo de fanáticos, anti-ocidentais, anti-americanos e violentamente anti-semitas combatidos por alguns bravos, mas raros, jornalistas que o Memri designa pelo termo “liberais progressistas”.

É por isso que, por diversas vezes, autores árabes ou eventualmente europeus qualificaram o Memri como arma de propaganda ao serviço do governo de Tel-Aviv, do Likud e de seus grupos de pressão. É verdade que, desde sua criação, de cada seis membros de sua equipe três eram antigos membros dos serviços israelenses2 . E, no entanto, o Instituto obteve sucesso em diversas operações. Foi ele quem lançou, em 2001, uma campanha de denúncia dos manuais escolares palestinos, amplamente infundada3 , para dar a entender que eles atiçavam o anti-semitismo. Em 2004 ele obtém sucesso, principalmente por intermédio do site Proche-Orient.info (Oriente Médio Info) – que encerrou suas atividades em julho, mas, do meu ponto de vista, trata-se de uma parada provisória – explorando os “deslizes” 4 da emissora de televisão do Hezbollah, Al-Manar, para que ela fosse proibida na França, suscitando protestos da associação Repórteres Sem Fronteiras. Ele participou ativamente da campanha que levou ao fechamento do centro Cheikh Zayed nos Emirados Árabes Unidos5.

Imagem abalada

A imagem internacional de Israel se degradou fortemente, e o Memri tenta recuperar parte do terreno perdido

Mais amplamente, o Memri serve à estratégia israelense de questionamento das relações entre os árabes e o Ocidente6 . Convidado para um programa da Al-Jazira, o coronel Yigal Carmon respondeu seus acusadores: o Memri segue um objetivo científico, de transmitir ao Ocidente a leitura que as mídias árabes fazem dos acontecimentos do Oriente Médio7 .

Não se deveria aceitar esta afirmação sem reservas: se o conflito árabe-israelense gira em torno do controle da terra da Palestina, ele é inseparável da luta simbólica que os protagonistas travam para influenciar as opiniões públicas e legitimar desse modo sua própria leitura dos acontecimentos. As relações de forças só obedecem parcialmente a uma lógica local, e o apoio externo se mostra decisivo, especialmente para a parte israelense. Tanto que, desde a guerra do Líbano e da primeira Intifada (1987-1993), a imagem internacional de Israel se degradou fortemente. Para tentar recuperar uma parte do terreno perdido, o Memri procura denegrir os árabes e os muçulmanos aos olhos dos ocidentais, apresentando-lhes como fanáticos repletos de ódio.

Por outro lado, com o desenvolvimento das televisões árabes por satélite, as opiniões públicas se emanciparam e os dirigentes do Oriente Médio perderam parte de seu controle sobre as mídias. Esta nova configuração compeliu os israelenses a se interessarem diretamente pelas mídias árabes e por seu conteúdo. É o que explica em grande parte a criação do Memri em fevereiro de 1998, um ano e meio depois do lançamento da Al Jazira.

Hostilidade ao Islã

O candidato a “jornalista árabe liberal” deve exibir uma hostilidade sem ressalvas ao nacionalismo e ao islã político

O coronel Carmon dispõe de uma sólida base em Israel. Fluente em árabe, ele foi conselheiro anti-terrorismo de dois primeiros ministros – Itzhak Shamir e Itzhak Rabin. Ele se beneficia de importantes apoios em Washington – ele se associou, além disso, a Meyrav Wurmser, uma veterana do Memri, que dirige o departamento de Oriente Médio no Hudson Institute, próximo dos neoconservadores norte-americanos. O Memri se beneficia, enfim, de inúmeros doadores, especialmente os da The Lynde and Harry Bradley Foundation, a mais importante fundação da direita norte-americana.

O Memri tomou como reféns os liberais árabes ao construir a estranha categoria de “jornalista árabe liberal ou progressista”. Para pertencer a esta última é preciso: pronunciar-se contra qualquer forma de resistência armada no mundo árabe, em particular na Palestina e no Iraque; denunciar o Hamas e o Hezbollah, criticar Yasser Arafat e fazer um elogio de Abou Mazen; reivindicar o “realismo”, isto é, a aceitação da correlação de forças, portanto da dominação estrangeira; mostrar-se favorável aos projetos norte-americanos no Oriente Médio; incitar os árabes a fazerem sua autocrítica e a renunciarem à “mentalidade do complô”.

O candidato a esta etiqueta deve também exibir uma hostilidade sem ressalvas ao nacionalismo e ao islã político, eventualmente caindo no desprezo pela cultura árabe. Sua crítica deve visar, antes de mais nada, os religiosos e, em termos mais gerais, as sociedades que estariam atrasadas em relação a dirigentes árabes esclarecidos. É preciso fazer o elogio das liberdades individuais, sem todavia insistir nas liberdades políticas e ainda menos na soberania nacional. Quando ele trata da reforma política, o “jornalista árabe liberal ou progressista” visará, antes de mais nada, os regimes republicanos, em particular o Iraque anterior à ocupação norte-americana, a Síria, ou o Egito: fora de questão, no entanto, evocar a reforma política na Arábia Saudita. Nada de surpreendente nisso, considerando que a maioria8 dos profissionais caros ao Memri exprimem-se essencialmente na imprensa financiada por certos príncipes ou homens de negócios sauditas.

Traduções traiçoeiras

Traduções pouco honestas mudam declarações e análises – sempre procurando construir uma idéia contra os árabes

O Instituto é atacado com freqüência em relação à qualidade – às vezes mesmo quanto à honestidade – de suas traduções. Assim, depois dos atentados de Londres no dia 7 de julho de 2005, a entidade traduziu trechos do programa “Mais de uma opinião”, da Al-Jazira, do qual participavam um islamista que vive na Grã-Bretanha, Hani Al-Sebai. Este último declarou, a respeito das vítimas: “Não existe termo na jurisprudência islâmica para designar os ‘civis’. Dr. Karmi [um outro convidado] está conosco e ele está familiarizado com a jurisprudência islâmica. Existem as categorias de ‘combatente’ e ‘não-combatente’. O islã é contrário ao assassinato de inocentes. Segundo o islã, um inocente não pode ser morto”. Tradução do Memri: “O termo ‘civil’ não existe na lei religiosa muçulmana. Dr. Karmi está conosco e eu estou aqui e conheço a lei religiosa. Não existe ‘civil’ no sentido ocidental moderno do termo. As pessoas pertencem ou não ao Dar al-Harb9 ”.

Notamos a introdução desta fórmula contestada de Dar al-Harb (literalmente: a casa da guerra10 ), que o participante não havia utilizado. Em plena batalha antiterrorista na Grã-Bretanha, este acréscimo induz à idéia de que, na “casa da guerra”, tudo seria permitido. De passagem, o Memri suprimiu de sua tradução a condenação feita por Hani Al-Sebai a todo e qualquer assassinato de inocentes...

O professor Halim Barakat, da universidade de Georgetown (Nova York) nos Estados Unidos, arcou, ele também, com o ônus destes métodos. O artigo que ele escreveu no diário londrino Al-Hayat sob o título “Este monstro criado pelo sionismo: a autodestruição” foi reproduzido pelo Memri, explica seu autor, sob “um título incitando ao ódio: ‘Jews has lost their humanity’ [Os judeus perderam sua humanidade ]. O que eu não disse…. Cada vez que eu escrevia ‘sionismo’, o Memri substituía a palavra por ‘judeu’ ou ‘judaísmo’. Eles [o Memri] querem passar a impressão de que eu não estou criticando a política israelense e que o que eu digo é anti-semitismo”. Assim que esta tradução foi colocada no ar no sítio do Memri, o autor recebeu “mensagens de ameaça”, algumas das quais “dizem que eu não tenho o direito de lecionar nas universidades” – ele lecionou por mais de 30 anos –, “que eu não tenho o direito de ser professor e que eu devo deixar os Estados Unidos... A tal ponto que um professor da Universidade de Georgetown escreveu um artigo [contra mim] fundamentando-se exclusivamente sobre estas traduções, sem consultar o original em árabe11”.

Credibilidade em xeque

Os erros factuais são tão numerosos que a seriedade do instituto pode ser também posta em dúvida

Em junho de 2004, o Memri lançou uma violenta campanha contra a visita a Londres do xeque Al-Qardaoui. Para manter a consciência limpa, o prefeito, Ken Livingstone, encomendou um estudo12 , ao fim do qual se concluiu que esta ofensiva se inscrevia “comprovadamente, numa onda de islamofobia que visa impedir um diálogo entre as opiniões de muçulmanos progressistas e o Ocidente”. O estudo solicitado, assinalava ele, abrangeu “as 140 obras escritas pelo doutor Al-Qardaoui. E os resultados foram muito chocantes. Quase todas as mentiras que deformavam os sermões do doutor Al-Qardaoui eram provenientes de uma organização chamada Memri, que pretende ser um instituto de pesquisa objetivo”. Ora, concluía Livingstone, “descobrimos que este instituto é dirigido por um ex-oficial do serviço de informação israelense, o Mossad. E ele deforma sistematicamente os fatos, não apenas o que diz Al-Qardaoui, mas o que dizem várias outras autoridades muçulmanas. Na maior parte dos casos, a deformação é total, eis porque publiquei este dossiê13 ”.

Os erros factuais são tão numerosos que a seriedade do instituto pode ser também posta em dúvida. Assim, segundo os “especialistas” do Memri, Abdel Karim Abu Al-Nasr é de nacionalidade saudita pela única razão de que ele é editorialista num jornal saudita, ainda que se trate de um conhecido jornalista libanês14 . Da mesma forma, escrever, numa longa análise sobre a Arábia Saudita, que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita Abdallah Ibn Abdel Aziz (que se tornou rei em agosto de 2005) pertencia ao ramo Sudayri da família reinante surpreenderia os que conhecem este país15 .

A eficácia do Memri se apóia na coordenação bastante íntima das atividades com os atores que dirigem as campanhas de propaganda no local. As listas de jornalistas árabes por ele louvada ou denegrida constitui um sistema de recompensa e de sanção. Portanto, os “jornalistas árabes liberais ou progressistas” se vêem convidados pelos Estados Unidos em centros de pesquisa amigos: eles têm a obtenção de vistos facilitada, assim como o acesso às mídias e às autoridades norte-americanas. Quanto às sanções contra aqueles que o Memri designa como “incitadores do ódio”, elas poderão tornar-se mais pesadas desde que o famoso editorialista do New York Times Thomas Friedman fez referência à “expertise” do Memri e de seu fundador. E recomendar: “O Departamento de Estado norte-americano deve publicar um relatório trimestral com os nomes dos dez maiores incitadores do ódio e daqueles que encontram pretextos [para o terrorismo] ou o justificam16 ”.

Ao contrário do que pensa Thomas Friedman, ainda falta provar que os membros antigos ou presentes dos serviços de informação israelenses são os melhores arquitetos para a “ponte” a ser (re)construída entre o mundo árabe e o Ocidente...

(Trad.: Fábio de Castro)

1 - www.memri.org, tendo como principais editorias: projeto de estudo sobre a Jihad e o terrorismo, os Estados Unidos e o Oriente Médio, reformas no mundo árabe e muçulmano, conflito árabe-israelense, relações inter-árabes e projeto de documentação sobre o anti-semitismo.
2 - Brian Whitaker, “Selective Memri ”, The Guardian, Londres, 12 de agosto de 2002. O autor mostra também como, em seguida a cada contestação, o Memri corrige suas traduções.
3 - Ler Elisa Morena, “Os manuais escolares palestinos são anti-semitas ?”, Le Monde diplomatique, abril de 2001.
4 - Al-Manar havia difundido especialmente, em outubro de 2003, um folheto anti-semita reconstituindo, entre outros, um “crime ritual”.
5 - Por um artigo redigido pelo Memri, que resume o caso, ver “ La fermeture du Centre Zayed ” (O fechamento do centro Zayed), 15 de setembro de 2003. http://memri.org/bin/french/opener.....
6 - Ver o jornalista israélien Guy Bachor: “A estratégia de Israel em suas relações com a Europa: mostrar que os muçulmanos são uma ameaça (para a Europa) ”, Yediot Aharonot, Tel-Aviv, 25 de fevereiro de 2004.
7 - Programa “Min Washington”, “O Memri e a imagem dos Árabes no Ocidente“, 13 de setembro de 2002, www.aljazeera.net/channel/as...
8 - Bilal al Hassan, La culture de la capitulation (A cultura da capitulação) , Riad El-Rayyes Books, Beirute, 2005. Este livro resume bem a ideologia destes autores, mas sua visão é parcial e injusta em relação a certos autores citados. Ele é também reprovável por ter enfatizado exclusivamente os jornalistas de al Hayat, sem nunca citar o outro diário saudita, o Chark al Awsat, que representa perfeitamente a ideologia que o autor denuncia.
9 - http://memri.org/bin/articles.cgi?P...
10 - O mundo seria dividido entre a Dar al-Islam (casa do Islã) e a Dar al-Harb (casa da guerra), cuja população não respondeu ao apelo muçulmano pelas conversações.
11 - Programa “Min Washington”, op. cit.
12 - Ver www.london.gov.uk/news/docs/...
13 - Al-Jazira 20 de janeiro 2005: www.aljazeera.net/channel/ar...
14 - O diário Al-Watan (Arábia Saudita), 13 de dezembro de 2004.
15 - Memri, “Arábia Saudita: a organização da oligarquia real”, 12 de setembro de 2002. Os Soudayri compreendem especialmente o falecido rei Fahd, o príncipe Sultão, o príncipe Nayef etc., que são justamente a oposição a Abdallah.
16 - Thomas L. Friedman, “Giving the Hatemongers no Place to Hide”, The New York Times, Nova York, 22 de julho de 2005.




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