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Visto por seus apoiadores como “uma das únicas democracias no Oriente Médio”, o Estado israelense é cada vez mais pressionado pelo poder político e econômico de seus generais. Na Biblioteca Diplô, textos para entender esta interferência crescente.
Por meio de uma ampla pesquisa nos arquivos do Estado, eles desmontam os mitos da política oficial e procuram abrir caminho para uma nova relação com os árabes. Graças aos estudos, sabe-se, por exemplo, que a ocupação da Palestina sempre esteve nos planos da direita sionista
Desde os Acordos do Oslo, Fatah e Hamas, as duas grandes facções da luta contra a dominação israelense, têm aprofundado sua disputa fratricida. A crise pode se agravar, caso Washington obtenha, este mês, a assinatura de mais um compromisso-fantasia
Por ter denunciado as condições desumanas impostas à população palestina e a desapropriação de suas terras por colonos judeus, o ex-presidente norte-americano foi acusado de anti-semitismo e tornou-se alvo de uma cruzada da extrema-direita
A distância entre o que é dito (porque queremos ouvi-lo) e o que é feito (que nos repugna ver) pelos governos israelenses no local assume, para alguns, proporções de jogo duplo e, para outros, de esquizofrenia
A derrota no conflito de 1967 transtornou o mundo árabe. É a partir dos traumas associados a ela que crescem a influência da religião, a tentação da violência, o conservadorismo moral como forma de “purificação” e os governos cada vez mais afastados de seus povos
Após seu triunfo retumbante contra os três maiores exércitos árabes, o país encheu-se de orgulho, dinheiro e ilusão. Quarenta anos depois, a sociedade está mais frágil, atemorizada e desigual. Há quem tema por suas chances de sobrevivência
Cronologia dos conflitos provocados pela ocupação da palestina. Por ter mantido e aprofundado a opressão sobre eles, a Guerra dos Seis Dias acabou deflagrando uma série de choques, que se arrasta até hoje
Desde a constituição de seus Estados nacionais, o mundo árabe tem sido marcado por governos que se eternizam (muitas vezes apoiados por potências estrangeiras) e por fortes sobressaltos políticos. O período pós-67 manteve esta tendência
Diante do esgotamento do "processo de Oslo" e do risco de um apartheid israelense, ressurge e ganha apoio uma proposta histórica: e se judeus e palestinos convivessem em um mesmo Estado laico?
Por que Paris, teoricamente contrária à anexação de Jerusalém Oriental, finge desconhecer a participação destacada de duas empresas francesas numa obra que pode aprofundar o apartheid racial e segregação dos palestinos na cidade
Bizarro projeto: a pretexto de construir, em Jerusalém, um "Museu da Tolerância, o Centro Simon Wisenthal pretende profanar o cemitério mais sagrado dos muçulmanos na Palestina
Como o governo de Israel impõe medidas de segregação contra muçulmanos e cristãos, para impedir a construção de um Estado palestino e frustrar as negociações que poderiam abrir um processo de paz no Oriente Médio
Dois novos estudos revelam algo que os meios de comunicação omitem: todas documentos mais recentes o grupo majoritário no Parlamento palestino sugerem que ele está disposto a aceitar o Estado israelense. A pergunta é: esta oportunidade para a paz será aproveitada?
Revelados em livro recém-publicado, diálogos entre o ex-primeiro-ministro israelense e um amigo íntimo reforçam a hipótese tenebrosa
Defensor de idéias como a “transferência” dos árabes israelenses para a Cisjordânia, o vice-premiê Lieberman representa um setor da elite que desconhece a democracia. Após o fracasso do ataque ao Líbano, esta fração apela para militarização ainda mais profunda do país
A entrada de um extremista no governo de Telavive atiça, no Oriente Médio, as forças mais capazes de desencadear, a partir da região, um conflito de dimensões mundiais
No instante do afastamento do israelense Ariel Sharon, e às vésperas de eleições nos dois países, o cenário político parece desolador para a Palestina e seu primeiro-ministro. Quais os motivos deste impasse e as possibilidades de superá-lo?
Um ano após a morte do líder palestino, voltam a crescer – inclusive na imprensa de Israel – especulações e indícios segundo as quais ele teria sido envenenado por Telavive
Com traduções desonestas e “seleção” cuidadosa de textos, o Memri constrói a idéia de que as mídias árabes são dominadas por um grupo de fanáticos anti-ocidentais e anti-semitas
Apesar da extremista oposição dos colonos contra a retirada e de suas ameaças de confronto com o exército, tudo pode não passar de uma simples demonstração de força para evitá-la, no futuro, na Cisjordânia, onde as colônias não param de aumentar
A corrupção da Fatah, o aumento da criminalidade e um cessar-fogo que pode se traduzir em um Estado cada vez menos viável servem de incubadora para a exasperação dos palestinos
Diplomata e jornalista recorda percursos do grande líder que conseguiu a proeza de resistir durante meio século a inimigos temíveis, tanto na cena internacional – Israel, EUA e a maioria dos regimes árabes – quanto no interior de seu próprio movimento
Com a morte de Arafat, dois grandes segredos permanecem: a doença que causou seu desaparecimento e as condições para a conquista do Estado palestino
O desmantelamento das colônias de Gaza, proposto por Sharon, visa, por um lado, aplacar a resistência crescente a sua política brutal, ao mesmo tempo em que serve para congelar um processo mais abrangente de paz com os palestinos
O surgimento de organizações islâmicas radicais, extremamente violentas, ganha força nas favelas abandonadas pelo Estado, onde se fabricam as condições de uma revolta desesperada
Morto na quinta-feira, 11 de novembro, o presidente Yasser Arafat era o símbolo da aspiração dos palestinos por um Estado Nacional e pela Independência
Enfrentando toda espécie de obstrução criada para que não se pronunciasse sobre o tema, a Corte Internacional de Justiça condenou vigorosamente o projeto israelense de confinamento dos palestinos, abrindo caminho jurídico para por fim a essa construção ilegal
O sóciologo e historiador orientalista nos deixou em maio passado. Autodidata, Rodinson tornou-se um lingüista excepcional (dominava cerca de 30 línguas e dialetos) e escritor prolífico. Lutou principalmente para que fosse feita justiça ao povo palestino. Na véspera da eclosão da guerra de 1967, no Le Monde datado de 4-5 de junho, ele publicou um artigo premonitório, que aqui reproduzimos.
No inicio de maio, em Ramallah1 , jovens músicos palestinos deram um Concerto sob a direção do Daniel Barenboïm. Ao receber um prêmio no parlamento israelense, o maestro - que fundou, com Edward Said uma escola para os jovens músicos, judeus e árabes do Oriente Médio - explicou que o ato queria expressar as esperanças de paz
O desejo da sociedade israelense, tanto à esquerda como à direita, de anexar o centro histórico do judaísmo na Cisjordânia, mas não seus moradores árabes, aumentou as contradições existenciais de Israel e é o que explica a derrota de Sharon no referendo interno do Likud
Enquanto o exército israelense continua a matar (160 palestinos em abril e maio) e a destruir casas, segue a construção do muro, ao lado do qual se instalarão zonas industriais que cortarão o Estado palestino em quatro pedaços, privando-o de qualquer viabilidade
Por suas alianças, interesses, influência ideológica, relações de família, de cultura ou de religião, o conflito entre palestinos e israelenses já estava presente no mundo externo. Inserida no contexto pós-11 de setembro, esta questão tornou-se mais universal e perigosa para o mundo, ao ser desfigurada no lógica do “choque de civilizações”
No Natal de 1970, convidado para fazer conferências na Universidade Hebraica de Jerusalém, Herbert Marcuse foi a Israel pela primeira vez. Essa foi também, para ele, a oportunidade de visitar o país e de se defrontar com a população local, árabe e israelense, sobre a questão palestina. Eis a entrevista, publicada no The Jerusalem Post de 2 de janeiro de 1972, conservada no Marcuse Archiv de Frankfurt e aqui reproduzida com a permissão de Peter Marcuse. Traduzida igualmente para o árabe, ela suscitou um intenso debate. A título de exemplo, Hamdi T. Kanaan, prefeito de Nablus de 1963 a 1969, escreveu-lhe nestes termos: ?No que me diz respeito, vejo no senhor a primeira personalidade judaica que admite praticamente a grande injustiça cometida contra árabes palestinos com a criação de Israel e que, ao mesmo tempo, compreende total e logicamente as circunstâncias presentes e futuras nas quais Israel existe e existirá nesta região.?
Para Marcuse, a defesa do Estado de Israel era condição para qualquer solução pacífica do conflito israelo-palestino, mas ele observava que ?só um mundo árabe livre pode coexistir com um Israel livre?
Com medo da “ameaça demográfica”, governo israelense cancelou a autorização que tinham cidadãos ou cidadãs palestinos, casados com árabes israelenses, de viver em Israel, tornando-os ilegais em sua própria casa
O acordo de Genebra, discutido por cidadãos israelenses e palestinos, representa um momento radicalmente novo de sua história comum. Mas a implementação deste projeto de paz só poderá ocorrer com a intervenção ativa da comunidade internacional
Em um momento em que a escalada do conflito evidencia a inutilidade da via militar, documento assinado por personalidades palestinas e israelenses em Genebra, demonstra que pode ser possível os dois povos decidirem por si próprios seu destino
A iniciativa de Genebra acabou demonstrando para os israelenses o que Sharon tentou esconder deles durante três anos: de que do lado palestino há parceiros dispostos a negociar e que há uma alternativa ao derramamento de sangue
Nossa história cultural jamais conheceu um gênio comparável a Edward Said, tão múltiplo, tão singular
Apesar de inúmeras diferenças, o processo de segregação racial que prevaleceu na África do Sul tem vários pontos em comum com a política de exclusão e isolamento adotada pelo Estado de Israel em relação à população palestina dos territórios ocupados
Matar crianças é uma obsessão: nos últimos três anos, 700 palestinos e 100 israelenses com menos de dezesseis anos perderam a vida. Nesse mesmo período, o exército e os colonos israelenses mataram 382 crianças palestinas e 79 crianças judias morreram
Fracassada em seu propósito de acelerar o fim da ocupação e corrigir os desvios dos acordos de Oslo, a Segunda Intifada fortaleceu Sharon e se atolou em uma guerra sem controle, que veio a acentuar a disputa entre facções pela liderança do movimento nacional palestino
Retrato de Ramallah, na Cisjordânia, em junho deste ano, quando se multiplicavam os odiosos atentados contra civis israelenses e os assassinatos de alguns dirigentes palestinos, mas optando não mencionar a violência espetacular dessas explosões e do sangue, mas o sofrimento de um povo sob ocupação
A suspensão do acordo de cooperação com União Européia em um momento em que Israel amarga uma crave crise econômica poderia obrigar seu governo a voltar a negociar a criação do Estado palestino, pondo fim ao sofrimento imposto a este povo
Desde meados de fevereiro, encorajado pela polarização das mídias sobre o caso iraquiano, o exército israelense recrudesceu seu domínio sobre os territórios ocupados, particularmente na Faixa de Gaza, onde os assassinatos de palestinos se tornaram uma sinistra rotina
Idealizador e defensor ferrenho de uma solução baseada na existência de dois Estados (Palestina e Israel) vivendo em paz lado a lado, o dirigente palestino, cansado e trancado numa sala, lembra Rabin, “o único parceiro que realmente acreditava numa paz justa”
Por não considerar que os atentados-suicidas são uma forma de luta dos palestinos contra a ocupação e as agressões de seu exército, a tese da “transferência”, ou melhor, expulsão maciça dos palestinos ganha adeptos em Israel
O governo israelense está construindo um muro – uma fortificação com arame farpado, espessura de oito metros de concreto e torres de controle a cada 300 metros – em torno da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, encurralando, de forma definitiva, dezenas de milhares de palestinos
O jornalista Charles Enderlin estruturou seu documentário (“O sonho despedaçado”) a partir das entrevistas com os principais atores do fracassado acordo de Oslo, realizadas ao mesmo tempo em que acontecia essa lenta descida aos infernos
Muito antes da famosa visita-provocação de Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas, em 28 de setembro de 2000, o exército e os serviços secretos israelenses já estavam preparados para a eclosão do que viria a ser a (segunda) ’Intifada’
Num hospital na Faixa de Gaza, palestinos vítimas da violência ensandecida dos militares israelenses recebem tratamento de reabilitação médica, numa tentativa de recuperar, pelo menos parcialmente, sua capacidade físico-fisiológica
O jornalista Alain Ménargues revela em seu livro que os massacres de Sabra e Chatila foram por etapas: na primeira delas, um comando especial israelense invadiu os campos com uma lista – e o endereço – de 120 militantes palestinos, todos executados
Em junho de 2001, um grupo de cidadãos protocolou, na Justiça belga, denúncia de genocídio, crime contra a humanidade e crimes de guerra contra o então ministro da Defesa de Israel, Ariel Sharon. Ele é apontado como responsável por Sabra e Chatila
Há exatamente vinte anos, numa operação comandada pelo general Ariel Sharon, tropas israelenses e milícias libanesas de extrema-direita invadiram os campos de refugiados de Sabra e Chatila (Líbano), para promover um massacre que liquidou 1.490 pessoas
Um livro recentemente publicado tem o mérito de desmentir veementemente a versão – divulgada por Israel e propalada pela mídia global – de que, na reunião de Camp David de julho de 2000, Arafat rejeitou a “generosa” oferta de paz de Ehud Barak
Habitadas por uma população fanatizada, defendidas a todo custo por Ariel Sharon e cada vez mais influentes, elas se transformaram no motor da ocupação da Palestina
Quando 75 mil homens eram enviados para território palestino e quando as maiores cidades da Cisjordânia se haviam transformado em ruínas, George W. Bush pronunciou a seguinte declaração: “Creio firmemente que Ariel Sharon é um homem de paz”.
Jenin foi invadida em 3 de abril, quinto dia da ofensiva israelense. A batalha foi dura e desigual. Os palestinos sofreram perdas enormes e os feridos agonizavam, uma vez que as ambulâncias do Crescente Vermelho foram proibidas de circular no campo
O Oriente Médio vive uma escalada de violência que faz parecer distante a construção de uma saída diplomática. Para os fundadores da Coalizão israelense-palestina pela paz, no entanto, a solução existe: trata-se do acordo feito por ocasião das negociações de Taba, em janeiro de 2001
Há, entre israelenses e palestinos, uma maioria de cidadãos que deseja avançar rumo à paz e à reconciliação. Mas os sabotadores da paz mergulham a região numa engrenagem homicida
Paz agora, pois amanhã a fatura será ainda mais pesada. Todos aqueles que se empenham em torná-la improvável traem seu povo
A recusa a combater os palestinos deixou de ser marginal. O fenômeno se ampliou e atingiu novas camadas sociais. Alcança, em especial, unidades do exército regular, particularmente as dos reservistas
Desde o início da segunda Intifada, milhares de voluntários, de inúmeros países, participam de missões de solidariedade ao povo palestino. Todos eles têm por objetivo observar, testemunhar e contribuir para proteger a população
Três livros escritos por israelenses – que participaram de iniciativas diplomáticas na época – revelam novos detalhes das negociações de Camp David, ainda que os autores partilhem a linha de seu ex-primeiro-ministro, a qual ajudaram a elaborar
A prisão de Yasser Arafat em Ramallah, assim como a proibição de se deslocar, decorre de decisões do governo Sharon: por um lado, Arafat já não é um interlocutor apropriado e, por outro, a Autoridade Palestina é uma entidade que apóia o terrorismo
Desde suas origens, o Estado de Israel insulta todas as convenções da justiça internacional. Principalmente nos territórios ocupados, a prática da tortura é a regra. É uma prática que nunca acabou. Crianças, inclusive, são torturadas
Ariel Sharon aprendeu as lições de Beirute, de 1982: nada de deixar a comunidade internacional tornar a salvar a pele do líder da OLP. E refletiu também sobre o fracasso de Netanyahu: não basta frear o chamado processo de paz; é preciso destruí-lo
Depois de uma tentativa infrutífera junto aos vizinhos, cuja história de amor ela filmava e que abandonaram a filmagem fugindo da violência, ela se interessa pela vida de quatro adolescentes, dos quais observa os vaivéns cotidianos sob sua janela
O exército israelense destruiu três casas, onde viviam as famílias de três homens procurados, num vilarejo próximo a Ramallah: um do Hamas e dois da FPLP. Em alguns segundos, os explosivos deixaram cerca de trinta pessoas desabrigadas
O assassinato, em outubro, de um ministro israelense de extrema-direita por uma organização palestina, deu a Ariel Sharon o pretexto para a escalada com que sonhava: em poucos dias, o exército israelense ocupava todas as cidades autônomas
Sharon simplesmente decidiu aproveitar uma oportunidade “de ouro”, quando os olhos do mundo inteiro estavam fixos em Nova York e em Washington, para fazer “reinar a ordem” em Jenine: 13 mortos e cerca de 200 feridos, alguns em estado grave
Um conflitos entre a "linha dura" e os "moderados" sacode a organização que criou o Hamas e que é, desde 1928, referência para militantes islâmicos no Egito, Jordânia e Palestina