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Revelados em livro recém-publicado, diálogos entre o ex-primeiro-ministro israelense e um amigo íntimo reforçam a hipótese tenebrosa
- (16/01/2007)
E lá se vão vinte e cinco meses desde que Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestina e da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), faleceu, por razões que os médicos franceses que trataram dele na fase final da doença não conseguiram explicar muito bem. Duas questões essenciais se impõem: se não se trata de morte natural, de que modo ele foi assassinado? E quem foi o responsável?
O primeiro destes dois enigmas ainda está sem resposta. Enquanto isso, o segundo já começa a ser elucidado, graças ao... mais fiel admirador, e talvez o mais íntimo amigo do general Ariel Sharon há cerca de meio século: o jornalista israelense (de direita) Uri Dan.
Os palestinos nunca duvidaram de que o primeiro-ministro Ariel Sharon teria assassinado seu líder. Afinal, ele já não havia declarado várias vezes sua vontade de liquidar o dirigente palestino? Não o havia comparado a Hitler? Mas Uri Dan vai bem mais longe. Uma semana antes da morte de Arafat, em 4 de novembro de 2004, Dan já contava no jornal Maariv que, em 14 de abril, Sharon teria anunciado ao presidente George Bush, na Casa Branca, que ele não se considerava mais comprometido com a promessa feita três anos antes, em março de 2001, de não tocar em Arafat [1].
Num livro publicado recentemente [2], Uri Dan sugere abertamente que seu amigo teria liquidado o raïs. "Logo que Sharon obteve carta branca, depois de um encontro com o presidente Bush, em 14 de abril de 2004, o estado de saúde de Arafat se deteriorou. Transportado em outubro para o hospital militar Percy, em Clamart, faleceu em 11 de novembro. Só retornaria a Ramallah para ser sepultado" (p. 403). E, para colocar os pingos nos is: "Meu artigo para Maariv começa nesses termos: Ariel Sharon figurará nos livros de história como aquele que liqüidou Arafat sem o matar." Estas três últimas palavras fariam alusão ao método utilizado?
Liqüidar um presidente democraticamente eleito necessitaria ao menos um acordo tácito com o presidente norte-americano. E Dan revela que Bush continuou impassível, quando ouviu as declarações de Sharon a respeito de suas intenções em relação a Arafat. "Sem dar a Sharon o sinal verde para liquidar Arafat", escreve, "ele tampouco procura colocar qualquer empecilho" (p. 401).
Mais um detalhe significativo: o tempo passa e Dan pergunta ao primeiro ministro israelense por que ele não faz nada a respeito de Arafat: "Não matamos Arafat, não o expulsamos. Ele goza de imunidade absoluta"? "Deixe-me resolver a coisa ao meu modo!", responde o general. E Dan completa: "Ele bruscamente pôs fim à nossa conversa, fato incomum entre nós." (p. 403).
Leia mais: Sobre o mesmo tema, "Arafat Assassinado?", Le Monde Diplomatique-Brasil, novembro de 2005.
Tradução: Patrícia Andrade
pat.patricia@voila.fr
[1] Ver "Arafat assassinado?", Le Monde Diplomatique-Brasil, novembro de 2005 (Nota da Tradução)
[2] Ariel Sharon — Entretiens intimes avec Uri Dan, Michel Lafon, Paris, 2006.