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Um dos países mais pobres do mundo vive de novo em estado de guerra civil, em virtude... de suas riquezas. Terceiro maior produtor de urânio do planeta, o Níger entrega o minério à exploração de transnacionais — que têm o apoio das forças armadas contra a população tuaregue
Alimentada pela renda do "ouro negro" e por recursos chineses e brasileiros, Angola transforma-se num imenso canteiro de obras. Além de condomínios de luxo, investe-se em serviços públicos. Mas, num país onde a sociedade civil engatinha, será possível construir democracia e distribuir a riqueza?
Desde 1831, quando o exército mercenário foi criado pelo rei Luís Felipe, mais de 35 mil de seus membros já morreram, em dezenas de batalhas mundo afora
Ex-sargento do exército brasileiro, Luís da Costa, já lutou pelos interesses da França em dois países africanos
A economia do continente já cresce 5,5% ao ano, duas vezes mais que em 1990. Mas há algo grave por trás dos números: a África caminha para ser, pela terceira vez, o espaço privilegiado de uma grande competição imperialista, o palco em que as potências disputarão riquezas e posições militares
Temendo um novo Afeganistão, os Estados Unidos empreenderam em 2007 uma guerra por procuração, recrutando a Etiópia para desalojar do poder a União dos Tribunais Islâmicos. Mas a ação reacende velhos conflitos regionais e ameaça desestabilizar ainda mais o mundo muçulmano
Menina dos olhos do Ocidente, o país vive hoje uma crise social que envolve velhos atores políticos e contrapõe as etnias luo e kukuyo. Mais do que uma disputa eleitoral, o conflito é conseqüência da profunda desigualdade de classes no leste africano.
No século 16, as invasões portuguesa e marroquina iniciaram a desestruturação dos reinos e impérios ao sul do Saara — onde havia cidades de mais de 100 mil habitantes. Após três séculos de guerras, e escravidão ocidental e árabe, a população estaria reduzida a um quarto da original e as sociedades, arrasadas
Os dois milhões de marroquinos radicados na Europa remetem a seu país o equivalente a 60% do déficit comercial e movimentam rotas marítimas que fazem, só a partir da França, 200 mil viagens por ano
Reportagem sobre um dos choque culturais emblemáticos de nosso tempo. Quarenta horas a bordo do navio que faz a travessia do Mediterrâneo abarrotado, levando ao Marrocos milhares de migrantes que foram tentar a sorte na Europa e regressam a seu país em viagem de férias
Quatro livros recentes debatem, na França, as causas da pobreza africana. Curiosa divisão entre os autores: o problema principal do continente estaria na "ausência" de desenvolvimento ou nos males provocados por um "progresso" claramente associado a desigualdade?
Entre os ingredientes do conflito que aterroriza Uganda, uma milícia que recruta à força para impor a Bíblia e as velhas disputas tribais atiçadas pela colonização
Num de seus primeiros inquéritos, o Tribunal Penal Internacional depara-se com um dilema. Deve levar até o fim o processo contra os praticantes de um massacre? Ou é possível esquecer seus crimes, se isso abrir caminho para a paz?
As somas recebidas pelo Marrocos para bloquear uma das portas de entrada da Europa são irrisórias. Mas as remessas de dinheiro dos marroquinos que vivem no exterior a seu país equivalem a 10% do PIB
Primeiro país africano independente, Gana vive sem festas os cinqüenta anos da libertação. Adotadas a partir da década de 1980, políticas neoliberais devastaram a indústria nascente, arruinaram os camponeses e tornaram as cidades caóticas e violentas
Além de seguidora emblemática do "Consenso de Washington", Gana transformou-se, no governo de Kufuor, num aliado militar estratégico dos EUA e da Inglaterra
Reportagem no Marrocos: assim vivem (e morrem) milhares de migrantes que o mundo rico quer ver longe de suas fronteiras. E mais: como a União Européia transfere para alguns países africanos o trabalho sujo de reprimir quem busca uma vida melhor
No momento em que a influência norte-americana sobre o continente negro enfrenta a concorrência da China, ex-militantes pelos direitos civis impulsionam a GoodWorks, uma estranha rede que une governantes suspeitos e homens de negócio ambiciosos
No mais recente genocídio africano, "conflito étnico" é, de novo, apenas um mito que mascara a realidade. Na raiz dos massacres estão uma disputa por petróleo, e a omissão calculada dos EUA, China e França
Na virada do ano, o governo Bush abriu, no "Chifre da África", uma nova frente de sua "guerra contra o terrorismo". Mas assim como se deu em Cabul (2002) e Bagdá (2003), a tomada de Mogadíscio não resolve um problema — apenas o inicia...
No continente esquecido, surge uma campanha internacional por um bem público estratégico. Movimentos do Senegal e Mali defendem a ferrovia que estimulou a independência dos países, promoveu sua integração e está sendo sucateada por um consórcio franco-norte-americano
A degradação dos serviços de saúde africanos é alimentada pelos “ajustes fiscais” que o FMI determina e pelo descompromisso da “comunidade internacional”, mesmo em relação aos Objetivos do Milênio
Num continente já afligido por epidemias e empobrecimento, os sistemas públicos de saúde sofrem mais uma ameaça: a sedução de seus médicos, formados com enorme custo social, por hospitais do mundo rico. Felizmente, começam a surgir alternativas
Quinze anos após o fim da Guerra Fria, mobilizações importantes e criativas, que se articulam em torno dos Fóruns Sociais, sugerem que o continente pode não estar condenado aos golpes de Estado, "democracias FMI", emigração e miséria
Micro-pais de 140 mil habitantes no Golfo da Guiné, o arquipélago de língua portuguesa descobriu, na virada do século, que está sobre um manto de óleo. Tragédias da mentalidade colonial: em vez de grande oportunidade, o achado atiça desigualdades, golpes e divisões
Uma onda de alarme percorreu o Ocidente em junho, quando se anunciou que os talibãs haviam tomado o poder na Somália. A história real revela uma realidade muito mais complexa e a desastrada ação da CIA, que acabou colaborando com o islamismo radical
As novas leis estabelecem igualdade civil entre negros e brancos. Mas a distribuição de riquezas continuou piorando, mesmo com o fim da política de discriminação e a chegada dos negros à presidência
Cronologia do fim do apartheid e ascensão do Congresso Nacional Africano
Em Burkina Faso, um dos três países mais empobrecidos do planeta, organizações sociais e autoridades desafiam preconceitos e alcançam êxitos notáveis contra prática centenária da excisão do clitóris
No Mali, uma das vítimas do dumping do algodão praticado pelos EUA, um júri de agricultores rejeita as pressões para introduzir dos OGM e defende uma agricultura de inclusão social e respeito à natureza
Que há por trás das novas promessas de redução da dívida dos países mais pobres do continente
Enquanto EUA e União Européia subsidiam maciçamente sua agricultura, o Banco Mundial desmantela os sistemas nacionais de proteção aos produtores de algodão na África
Traumas sociais complexos permitem que os abusos sexuais continuem a ser vistos, na África do Sul, como algo natural. Num planeta ameaçado pela brutalidade, este é tipo de crime que mais cresce
Em julho, a Líbia foi sede de duas reuniões da União Africana para definir uma posição comum sobre a reforma das Nações Unida e um eventual assento do continente no Conselho de Segurança, questão maior para a afirmação da África na cena mundial
As populações do Sul, em especial as africanas, são cobaias dos testes clínicos de grandes laboratórios que testam ali, à guisa de princípios éticos, medicamentos que servem aos mercados do Norte
A União Européia tenta impor acordos, baseados no princípio do livre comércio, que violam a soberania e impedem a emancipação dos países africanos
A agricultura deve ser o motor do desenvolvimento africano, onde dos 53 países, 43 sofrem com baixa renda e déficit alimentar. Não somente não produzem o bastante para alimentar sua população como não têm recursos suficientes para importar alimentos
Estão de volta à cena africana os personagens que fizeram história nas guerras anticoloniais. Agora de olho no petróleo, grandes potências voltam a lançar mão dos selvagens cães de guerra
Timbuktu, no Mali, foi durante muito tempo uma cidade fechada aos europeus. Encruzilhada comercial na época das caravanas, foi também a sede de uma vida intelectual intensa. Naquela era de ouro, milhares de livros foram escritos a mão e depois abandonados na poeira do deserto, que começam a ser exumados. Da noite do esquecimento, emerge uma apaixonante história da África até hoje ignorada
Há cinqüenta anos atrás, a vitória dos vietnamitas, liderados por Ho Chin Min, contra o exército francês, na batalha de Dien Bien Phu, funcionou como um estopim para as lutas por independência dos países africanos
Um dos oásis mais célebres do mundo, Tozeur teve seu frágil equilíbrio econômico, ecológico e social praticamente rompido, quando o governo passou a dar prioridade ao turismo internacional, que também traz consigo o fascínio pelo mundo ocidental
O Mali, acostumado com os franceses, descobriu os americanos logo depois da guerra do Golfo, em 1992. Desta primeira incursão americana, surgiram programas e investimentos que fizeram do Mali um grande aliado
Os Estados Unidos aumentam significativamente sua presença militar na África, com o mesmo pretexto de sempre – a guerra contra o terrorismo. Os reais interesses, evidentemente estão no petróleo e na localização estratégica de alguns países
Aqueles que viviam nos bairros de zinco (a periferia pobre) fizeram verdadeiramente a festa no dia 25 de junho de 1975, data da independência nacional de Moçambique. No dia 25 de abril de 1974, na Revolução dos Cravos, eles sorriam. No dia 25 de junho de 1975, cantaram e dançaram
Os indícios de que uma ?solução final? estava sendo planejada eram claros já em 1993. Mesmo assim, a comunidade internacional fechou os olhos, manteve o apoio ao regime responsável pelo genocídio e retirou a força de paz ONU durante os massacres
Antes de se tornar objeto de rememoração, o genocídio de um milhão de tútsis e hutus foi contestado em sua própria realidade. Dez anos depois, pelo menos esta parte da história foi restaurada
Às vésperas da eleição presidencial, a Argélia enfrenta situação social tensa. Por um lado, aumenta a desigualdade e a miséria, resultado das reformas liberais. De outro, a apatia política e o desânimo toma conta do povo, marcado por anos de violência e terrorismo
Com taxas de mortalidade nitidamente mais elevadas que no resto do mundo, a população do continente africano padece não só de epidemias como a Aids, mas também com o desprezo pelos doentes de grande parte dos funcionários da saúde
Depois de vinte anos de guerra civil, os « Tigres » tâmeis acertam um cessar-fogo que permite abrir caminho para construir um Estado federalista, acordo que é rechaçado por dois terços dos cenegaleses, marcados pela violência dos atentados do LTTE
Em pouco mais de uma década de um novo cenário sócio-econômico de caráter liberal, as empresas multinacionais, ávidas por matérias-primas e por lucros, substituíram, na prática, os governos africanos, semeando golpes e corrupção
Enquanto o Zimbábue e a Zâmbia lutam para evitá-los, a África do Sul tornou-se a porta de entrada dos transgênicos no continente, onde pode encontrar sua melhor clientela: fazendeiros em busca de lucro rápido e um governo que aposta cegamente no progresso tecnológico
Uma das mais pesadas heranças do apartheid, quando o CNA assumiu o poder, 84% das terras agricultáveis estavam nas mãos dos fazendeiros brancos. Ao optar por uma solução de mercado, em oito anos, somente 1, 2% das terras agricultáveis foram transferidas para os agricultores negros
A escritora britânica Doris Lessing nasceu em 1919 e instalou-se com seus pais na Rodésia do Sul (atual Zimbábue) aos 6 anos de idade. Identificada como a militante feminista que abalou as idéias conservadoras com seu romance ’cult Carnet d’or’ (Carnê dourado), foi também uma combatente heróica contra as injustiças, o colonialismo e o ’apartheid’. Hoje, aos 84 anos, Lessing não hesita em falar sobre suas decepções com o feminismo, mas também com os dirigentes do Zimbábue, pois lutou muito em prol da independência desse país. Traça aqui um retrato acusador contra o controvertido presidente Robert Mugabe. Trata-se de um autocrata que mandou prender seu principal oponente, Morgan Tsvangirai, antes de ser obrigado a libertá-lo. Mas sua política é também marcada pelas pressões econômicas e políticas das potências internacionais.
Devastado pela guerra que causou a morte de três milhões de pessoas, o país adotou uma Constituição de transição e entra num momento perigoso de sua história, já que a "sociedade civil" é fragmentária e não há cultura estatal, democrática e governamental
Vista como a principal solução para mudar uma situação social catastrófica, a ’charia`, lei islâmica implantada em 12 dos 36 Estados nigerianos em 1999, causou em toda a sociedade uma frustração e um mal-estar que pode gerar mais radicalismo religioso
Esta enorme nação africana continua difícil de decifrada para os olhos ocidentais, sobretudo depois dos atentados do 11 de setembro. Quando não é a violência, boatos e inverdades são a parte que cabe aos jornalistas que freqüentam esse país.
Durante 15 anos, o regime de Ben Ali conseguiu, por meio de incontestáveis avanços na área social – o “milagre tunisiano” –, manter neutralizado qualquer tipo de oposição política. Com a profunda crise econômica, no entanto, o quadro começa a mudar
Exatamente um ano após a assinatura, em 1986, de um acordo de ajustes estruturais com o Fundo Monetário Internacional, como se fosse obra do acaso, o general Ben Ali tomou posse como presidente. Atualmente está de olho no quarto mandato
Com 8% das reservas mundiais de petróleo bruto, o continente africano tornou-se objetivo de uma ofensiva estratégica norte-americana: os Estados Unidos poderiam importar 25% de seu petróleo da África subsaariana até 2015, ao invés dos atuais 16%
No Norte do país, aumentam os perigos da desertificação; no Sul, cresce o desmatamento – a madeira é o segundo principal produto de exportação. Além destes, há o problema da construção de um oleoduto que põe em risco a vida das populações rurais
A Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano (Nepad) pode manter a África na periferia do mundo, reproduzindo os esquemas de um tipo de desenvolvimento do qual as populações interessadas não tiram qualquer vantagem
Uma espécie de terceira via musical franco-malinesa evita as armadilhas do exotismo, assim como as das superproduções, em proveito de uma mistura de modéstia e escuta do outro, paciência e improvisação, sons eletrônicos e acústicos
À lógica desumanizadora do “desenvolvimento” e da “globalização”, caberia opor princípios de vida e valores que privilegiem o humano: a humildade contra a arrogância, o sentido do outro em contraposição ao tudo para si
Nas próximas eleições legislativas, o governo do rei Mohammed VI se verá questionado por uma juventude frustrada – promessas traídas, desesperança, desemprego, corrupção e abuso de poder – e por um islamismo forte, organizado e reprimido
Teria a África do Sul se libertado, há dez anos, para naufragar num apartheid ainda mais mortal? Dos 45 milhões de habitantes, 5 milhões já foram contaminados pelo vírus da Aids. A hecatombe se anuncia e o setor público não dá acesso aos anti-retrovirais
Após uma aparente tomada de consciência há cerca de dez anos, o comércio do marfim – e a matança de elefantes – voltaram a prosperar. Agindo de acordo com os interesses locais, algumas entidades tentam pôr um freio a esses desmandos
Alfabetizado em música clássica por padres belgas em sua cidade de Kinshasa, Ray Lema ganhou o mundo: tocou nos Estados Unidos, França, Bulgária, Suécia... E voltou à África, onde, como explica, a música “é a arte de viver”
Um repórter atravessa, num velho Peugeot, dez mil quilômetros no Oeste do continente perdido. Uma experiência insólita e descobertas inesquecíveis
Embora se espere uma regulamentação definitiva, as principais instâncias da futura União Africana serão a Conferência, uma Comissão executiva, o Parlamento Pan-africano (com duas câmaras) e a Corte de Justiça
Livro de escritor angolano é uma deliciosa sátira social, crítica da corrupção e da indiferença de uma elite que virou as costas ao seu povo
A nova União Africana tem pela frente uma corrida de obstáculos para responder à globalização segundo os interesses do continente
No dia 26 de julho de 1956, Gamal Abdel Nasser anunciou publicamente a nacionalização do Canal do Suez. Le Monde diplomatique publica, abaixo, um trecho do livro ’L’Egypte en mouvement’, de Jean Lacouture, relatando o episódio
A nova onda de assassinatos não reflete uma suposta tendência cultural à violência, mas um passado feito de dominações coloniais, que fizeram a sociedade divorciar-se de si mesma
Apesar da anunciada “parceria estratégica”, a história das relações entre a Argélia e os Estados Unidos consiste de intercâmbios contínuos, mas difíceis, entrecortados por crises
Com 22,6% de sua população vivendo em pobreza absoluta e 29% de desemprego, a Argélia comemora 40 anos de independência. Mas há esperanças: o analfabetismo caiu de 74,6% para 31,9% e o índice de escolarização é de 90%
Por trás das críticas – muitas vezes corretas – lançadas contra o regime de Robert Mugabe, está um temor: e se os negros africanos resolverem reivindicar uma verdadeira reforma agrária?
Conhecido em todo o mundo ao demitir-se do Banco Mundial, Nobel de Economia no ano passado, Joseph Stiglitz relata, num novo livro, suas disputas com o Fundo Monetário. O caso da Etiópia é especialmente ilustrativo
Relatório do Observatório de Emigração Clandestina da Ilha de Anjouan, do dia 6 de agosto de 2001:
A crise no ensino superior africano, majoritariamente público, tem origem nas reformas econômicas ditadas pelos organismos internacionais, que receitam redução dos salários, supressão das bolsas de estudo e demissões
Nem o presidente da República nem o primeiro-ministro encontraram tempo para acompanhar o corpo de Léopold Sedar Senghor a Dacar, de volta à sua terra natal. Perderam a homenagem da França a um dos patriarcas da independência na África
Em 20 anos, a sociedade senegalesa passou por várias e profundas crises: a criação do plano de ajuste estrutural, o plano de emergência que se seguiu, a desvalorização da moeda local em 1994 e a intensificação do êxodo rural nas décadas de 80 e 90
Quase ausente dos mapas de fluxo de dados, a África tem menos linhas telefônicas que Tóquio ou Manhattan, e menos computadores conectados à Internet que a Lituânia. No entanto, o continente africano não escapa à reviravolta das telecomunicações
Depois do Afeganistão, o Sudão – e principalmente a Somália – correm o risco de ser objeto da atenção dos EUA, mobilizados em sua “represália” planetária. A “guerra mundial contra o terrorismo” poderá também afetar a missão da Força de Paz da ONU