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A ordem social moderna comporta não uma, mas duas forças sociais dominantes: ao mundo dos “capitalistas” articula-se o dos gestores privados e públicos. É a essas duas forças que deve se opor o conjunto das “classes fundamentais populares”
Segundo autor, a ênfase na diversidade étnica seria uma forma de mascarar a questão social. Mas sua crítica tende a desconsiderar a existência de discriminações específicas, que não seriam automaticamente resolvidas por uma grande “revolução igualitária”
Depois da derrota eleitoral na França, paremos tudo e repensemos. É preciso começar pelo retorno ao que seria a raiz do conflito entre a esquerda e a direita, que não se traduz por “valores”, mas pela questão fundamental do controle da economia
(Na internet, a partir de setembro)
Para o conjunto da esquerda a derrota nas eleições presidenciais é decisiva. Marca o fim de uma era. E força a uma indispensável refundação
O caminho do “modelo social europeu” nada tem de social: é na verdade um instrumento de destruição das políticas públicas
O milagre britânico do desemprego baixo nada tem a ver a com a maior flexibilização do trabalho, sempre tão demandada pelo patronato
Até a pouco tempo, o maior partido de esquerda do Ocidente, o SPD deve a seus “capitalistas de esquerda”, desfilando em terno Brioni e charutos Cohiba na boca, o desmoronamento do apoio de seu eleitorado e o distanciamento de sua base social
Como os neotrabalhistas de Blair se aproximaram dos democratas de Clinton e sedimentaram uma aliança entre os governos britânico e americano
AA crise do sindicalismo alemão se reflete nos baixos índices de adesão e na dificuldade de mobilização, o que explica a aprovação da Agenda 2010. Mas as raízes dela são mais profundas – se assentam na ruptura com as bases do Estado social-democrata
Com o fim da II Guerra Mundial, os partidos políticos franceses tentaram criar uma “previdência social” para todos, fundada sobre o trabalho, co-gerida pelos trabalhadores e pelo Estado. Nos 50 anos que se seguiram, essas conquistas foram solapadas
Tempos atrás, o atual primeiro-ministro francês, Jean-Pierre Raffarin, deu uma lição de “socialismo” no social-democrata Lionel Jospin, que ocupava então o cargo: sua política social elitista estaria isolando seu governo das camadas populares...
Mesmo entre os amigos de Lionel Jospin, raros pensam que ele agiu certo ao fazer uma campanha eleitoral que anunciava “A França está melhor” e propunha – para que esse “melhor” se prolongasse – um programa “que é não socialista”
Frustrada com uma social-democrata mais austera que os conservadores, grande parte do eleitorado apóia os comunistas. Duas vezes mais populares que há um ano, eles já se unem aos anarquistas, nas manifestações de rua, e querem lembrar os períodos anti-autoritários de seu passado
A ascensão da extrema direita européia não deveria surpreender. Ela foi embalada pelas políticas de ajuste neoliberais, aplicadas inclusive por social-democratas. O espaço aberto foi tão grande que Haider pôde posar de defensor dos direitos sociais
O Manifesto da Terceira Via, que Tony Blair e Gerhard Schroder lançaram em Londres em 8 de Junho coloca ponto final na ambição social-democrata de propor uma resposta forte, de esquerda, à difícil coabitação entre o sistema capitalista e os regimes democráticos.