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No templo do capitalismo brasileiro, um movimento age para superar o desencanto com a política afirmando a autonomia da sociedade civil frente ao mercado e ao Estado. Seu primeiro desafio: questionar o automóvel, a mercadoria que melhor simboliza as relações sociais alienadas
O primeiro turno da disputa presidencial francesa foi marcado pela mediocridade do debate sobre temas internacionais. Seria mais um indício de que o capitalismo globaliza as decisões, mas esvazia a política?
Investigações feitas na França revelam enorme promiscuidade entre poder econômico, parlamentares e mídia. Métodos incluem até brindes como viagens e cartões para baixar música grátis, em sites fechados. Em nome de quem agem os “representantes do povo”?
Radiografia do "storytelling", o método que procura reduzir questões complexas a histórias de vida e que, depois de conquistar a Casa Branca, espraia-se para o mundo dos negócios, as ciências sociais, o universo da internet e as próprias identidades pessoais
Temidos por seu poder e cobiça, os EUA foram também admirados, durante décadas, por sua democracia e mobilidade social. Serge Halimi sustenta que esta ilusão acabou. Para ele, vinte anos de neoliberalismo dividiram a sociedade em castas, e a política foi soterrada pelo marketing
A derrota provável do berlusconismo vai virar uma página na vida política italiana. O problema é a falta de ânimo da oposição para buscar alternativas reais ao neoliberalismo
Muito próxima de uma vitória eleitoral, a coalizão anti-Berlusconi propõe um programa bem mais avançado que o de sua primeira passagem pelo governo. Mas ainda está longe de resolver tensões internas e demonstrar que poderá liderar mudanças profundas
O que incomoda a alguns, hoje, é não poder determinar antecipadamente o resultado de uma consulta eleitoral. Alguns adorariam instalar eleições "livres" de resultado garantido...
Às vésperas de uma campanha eleitoral que pode levar a esquerda ao poder pela primeira vez em décadas, o ’subcomandante’ Marcos propõe a mobilização autônoma da sociedade
Corrupção e política econômica neoliberal transformam governo Lula em sonho desfeito
Como, ao longo dos tempos, os pensadores buscaram justificar a miséria e rejeitar qualquer política séria para sua erradicação
Até a pouco tempo, o maior partido de esquerda do Ocidente, o SPD deve a seus “capitalistas de esquerda”, desfilando em terno Brioni e charutos Cohiba na boca, o desmoronamento do apoio de seu eleitorado e o distanciamento de sua base social
O que é apontado como grande avanço democrático no Tratado Constitucional não passa de dispositivos formais, anulados pelo modelo econômico ultraliberal
A queda de circulação dos jornais e a concentração de veículos nas mãos poucos grupos ameaça o pluralismo, a independência jornalística e a democracia. Além da concorrência implacável da Internet, esta crise é fruto da perda de credibilidade da imprensa escrita
Ocupar uma fábrica para impedir que os homens, pagos pelo patrão que se manda dali, levem as máquinas; arrancar plantas geneticamente modificadas para proteger a saúde de alguém; casar homossexuais; manter silêncio absoluto em uma assembléia ou ocupar pacificamente uma rua são algumas das ações políticas que associamos à “desobediência civil”. Uma atitude já bem antiga...
As eleições norte-americanas confirmam que a democracia – apesar de ser o menos imperfeito dos regimes políticos – não está isenta de escolhas que podem levar ao poder perigosos demagogos
A promissora experiência das conferências de cidadãos pode ser um caminho para inventar novas formas de democracia participativa
Recusar o mundo tal como ele é demanda, antes de mais nada, compreender até que ponto o conceito de globalização é ideológico, ver que esse processo nada tem de fatal, que é apenas fruto de opção e de interesses humanos
“Qualquer um que conheça a história sabe que a desobediência é a virtude original do homem.”
Oscar Wilde
Em viagem pelos EUA, um grupo de soviéticos se espantou porque todos as notícias sobre as questões essenciais eram mais ou menos idênticas. “Em nosso país, para obter esse resultado temos uma ditadura, prendemos pessoas, arrancamos suas unhas. Aqui, vocês não têm nada disso. Então, qual é o seu segredo? Como vocês fazem?”
Apesar das tensões geopolíticas e comerciais, a integração das economias norte-americana e européia aprofundou-se ainda mais, demonstrando sua preocupante autonomia da política. Seria o “fim da história” da democracia?
É preciso questionar a democracia para podermos reiventá-la e não permitir que seja pervertida pelo poder econômico e financeiro que não é nem eleito pelo voto popular nem controlado pelos cidadãos
A luta pela democracia no mundo não deveria se iniciar pela democratização dos organismos que se chamam internacionais? O que opina o senso comum? Não está previsto que opine. O senso comum não tem voto nem tem voz
Crítico da incapacidade de Bush de internacionalizar o conflito no Iraque, que deixou os soldados norte-americanos vulneráveis, o candidato democrata não acha que houve exagero na guerra contra o terrorismo, mas sim que não foi feito “o suficiente”
Às vésperas da eleição presidencial, a Argélia enfrenta situação social tensa. Por um lado, aumenta a desigualdade e a miséria, resultado das reformas liberais. De outro, a apatia política e o desânimo toma conta do povo, marcado por anos de violência e terrorismo
Qual o número de jovens que participará das eleições legislativas? Em Teerã, o clima que predomina entre a juventude é o de desilusão com o sistema político e de rebeldia com algumas restrições sociais, mas não em relação à religião
Tendo como pano de fundo a sangrenta Intifada e sua repressão, os direitos civis na sociedade israelense estão flagrantemente ameaçados, tornando a “única democracia do Oriente Médio”, cada vez mais fragmentada e menos democrática
Ao privilegiar a estabilidade, a ordem e a autoridade, obra de 1968, tratada como clássico da ciência política nos Estados Unidos, deixa clara uma concepção de democracia bastante distante do modelo alardeado pelos norte-americanos
As noções de “povo”, “interesse geral” e “sociedade civil” se diluem, enquanto as eleições se aproximam de uma formalidade destinada a rubricar “democracia” em escolhas feitas a priori por uma elite. A democracia representativa aprofunda sua crise
O renascimento do populismo marca uma crise da democracia representativa e a presença de uma síndrome de desencantamento. Mas ele não pode ser identificado a priori com um movimento reacionário – ele é o sintoma, não a doença
O autismo de uma classe dominante que permite, e incentiva, que demagogos – vazios de idéias, mas com os cofres cheios – sejam eleitos para cargos públicos, mina a própria essência da democracia.
Empoleirados na posição de árbitros das habilidades tecnológicas da mídia, os jornalistas parecem isentos de qualquer crítica. Seus mitos profissionais exaltam a autonomia, a liberdade, a busca individual, mas ignoram, quase em absoluto, a realidade social
A imprensa valã é maior e de capital familiar. A imprensa flamenga é mais jovem e contestadora. Ambas estão cada vez mais despolitizadas, não se adaptam aos novos leitores e sofrem com uma queda sem precedentes na circulação de seus jornais
Em seus discursos, suas entrevistas coletivas e suas ameaças, os termos que os tiranos sempre repetem são: Democracia, Justiça, Direitos Humanos, Terrorismo. Atualmente, cada um desses termos significa o contrário do que queria dizer até recentemente
No lastro do fracasso da esquerda social-democrata e do avanço da direita, a nova esquerda italiana busca seus caminhos
O princípio da representação política e o voto universal, símbolos maiores da democracia, perdem o sentido quando “exigências” externas – da União Européia, da OMC, do mercado – limitam, e até impedem, o exercício do poder político
Existe sentido nas eleições francesas depois da Cúpula de Barcelona? As questões fundamentais para os cidadãos já foram resolvidas, não no Parlamento, em Paris, mas no encontro de chefes de Estado e de governo da União Européia
A democracia vai bem nos países em que é considerada exemplar? O aumento do nível de abstenção nas eleições indica o contrário. Em tempos em que os negócios e as decisões mundiais tendem a escapar da tutela do Estado, é preciso dar aos eleitores boas razões para votar
Acossado pela crise, o país começa a mudar. O dinamismo e os valores que o sustentaram durante a guerra fria vêm sendo reexaminados. Resta saber se isso se traduzirá por uma verdadeira mudança política.
“E contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a nudez crua dos factos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e actuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de formas ritualizadas, os inócuos passes e os gestos de uma espécie de missa laica”
Terá a paridade entre os sexos nas assembléias o efeito de democratizar a política? A pesquisa feita junto a deputados franceses de ambos os sexos durante a legislatura de 1997 a 2002 – anterior à lei sobre a paridade – mostra o caminho a percorrer. As atuais deputadas ainda pertencem, em sua grande maioria, a uma pequena elite
Não houve golpe de Estado militar, mas um golpe de “civilidade” e, pela primeira vez – com os políticos no mais baixo índice de popularidade – o vazio deixado por radicais e peronistas não foi preenchido por um salvador da pátria fardado
A queda de Bettino Craxi e Giulio Andreotti balançou com todo o sistema político que, em poucos meses, viu serem envolvidos em escândalos, perseguidos pela justiça, centenas de deputados, senadores e ex-ministros, expostos à execração pública...