» No Capitalismo Indigno, raiz da extrema-direita
» Seres e lugares no cinema brasileiro
» Quem rotula quem, no mundo da alimentação-mercadoria?
» Orçamento-2025: onde está o “rombo”?
» MST, 40: muito além das ocupações
» IA: a urgência das Infraestruturas Públicas Digitais
» Como Florestan depenou o mito da democracia racial
» Dowbor expõe os novos aspectos do rentismo
» La forêt française, un bien commun en danger
» L'environnement sacrifié à l'agrobusiness
» Des JO « responsables », un chantier inachevé
» Au Royaume-Uni, la rue avec Gaza, les élites derrière Israël
» France et Sud global, rendez-vous manqué ?
» De la guerre comme matériau romanesque
» Mali's Tuaregs: ‘For us, this war is existential'
» Eastern DRC: mines, armed groups, refugees
» Six decades of French motorway building
» Per capita income and Venezuelan population of Madrid
» India reflected on the small screen
» Elite sports versus the pull of the sofa
» Senegal: a self-correcting democracy
» DRC: chaos and misery of a failed state
» Os Sopranos: "gangsters" neurasténicos
» Jornalismo de lama, jornalismo oficial
» Alojamento local e crise de habitação: o que a direita finge não perceber
» Simplex Ambiental: dar a chave do galinheiro à raposa
» As eleições europeias e os novos desafios à soberania
» Será preciso desobedecer à Europa?
» Madrid, refúgio latino-americano
» O ambiente sacrificado ao agronegócio
Vasily Grossman só foi salvo dos “gulags” porque Stalin morreu. Mas seus textos foram tirados de circulação. Censurado, reduzido à penúria e com poucos amigos, faleceu de câncer em 1964
“Trocando em miúdos”, segundo livro de contos de Luiz Paulo Faccioli, escapa das armadilhas do amor como tema capturando seus momentos mais sôfregos
Colocou o papel com a citação à carne de ovelha na boca. Ele a macerou com a língua. Molhou-a. Tentou fazer brotar dela o enigmático sabor do animal estranho. Sentiu a tinta se desprender. Era a única coisa a conferir algum sabor exótico àquele repugnante alimento
Testemunha do horror
Vasily Grossman só foi salvo dos “gulags” porque Stalin morreu. Mas seus textos foram tirados de circulação. Censurado, reduzido à penúria e com poucos amigos, faleceu de câncer em 1964
Aqui
A palavra em compasso de urgência
“Trocando em miúdos”, segundo livro de contos de Luiz Paulo Faccioli, escapa das armadilhas do amor como tema capturando seus momentos mais sôfregos
Aqui
São Paulo: heterogenética cidade literária
“Há uma história da literatura que se projeta na cidade de São Paulo; e há uma história da cidade de São Paulo que se projeta na literatura.”(Antonio Candido)
Aqui
O erudito
Colocou o papel com a citação à carne de ovelha na boca. Ele a macerou com a língua. Molhou-a. Tentou fazer brotar dela o enigmático sabor do animal estranho. Sentiu a tinta se desprender. Era a única coisa a conferir algum sabor exótico àquele repugnante alimento
Aqui
Ainda hoje, apesar de todas as transformações vividas pela sociedade nas últimas décadas, leitores adultos ainda torcem o nariz para livros que fogem ao estereótipo de simplicidade e didatismo comumente associado ao “livro para crianças”
José Luis Sampedro não nos permite tirar a dignidade de seu protagonista: não há como sentir pena dele
A pobre senhora inspirou profundamente, inclinou-se para um lado e se pôs a tatear a superfície encardida da calçada
Ao notar o vazio editorial e a tendência de crescimento da literatura fantástica, Fábio Fernandes e Jacques Barcia idealizaram a revista “Terra Incognita”
Nascido em 1876, Max Jacob participou das vanguardas poéticas e artísticas européias, ao lado de Jean Cocteau, Georges Braque e Pablo Picasso
No fundo, o único ponto realmente importante na literatura é o exercício da idéia
Ele, minha Alice, minha primeira Barbie, me olhou como quem faz um favor. Em seguida, arrastou as plataformas até o banheiro e sacou o batom da bolsa
Ao reencontrar as fisionomias, sou tomado pelo alívio. Estão todos ali, onde deveriam estar, indiferentes, na plataforma do metrô. Vejo-as congeladas, num estranho estado de suspensão, enquanto esperam o trem para subir
Nos textos de Babel transitam desde retratos avassaladores de guerra e paz até histórias de amor pouco convencionais
Em “La bodega”, Noah Gordon constrói um panorama detalhado da cultura catalã
No fundo do meu sentimento, dou a última palavra, juro, até para ser ouvido na minha revolta: “quero água, abençoada água para não morrer; Deus, encha o céu de nuvens de chuva”
Libertado e traído pela revolução
Nos textos de Babel transitam desde retratos avassaladores de guerra e paz até histórias de amor pouco convencionais
Aqui
A saga do “casteller”
Em “La bodega”, Noah Gordon constrói um panorama detalhado da cultura catalã
Aqui
De volta aos rostos
Ao reencontrar as fisionomias, sou tomado pelo alívio. Estão todos ali, onde deveriam estar, indiferentes, na plataforma do metrô. Vejo-as congeladas, num estranho estado de suspensão, enquanto esperam o trem para subir
Aqui
Nossa seca
No fundo do meu sentimento, dou a última palavra, juro, até para ser ouvido na minha revolta: “quero água, abençoada água para não morrer; Deus, encha o céu de nuvens de chuva”
Aqui
“Pó de parede”, da gaúcha Carol Bensimon, é formado por três histórias que têm como base a casa (no sentido físico, familiar e metafórico) e a memória
A edição cuidadosa da antologia “Poemas religiosos e alguns libertinos”, de Manuel Bandeira, organizada por Edson Nery da Fonseca, nos permite observar alguns dos caminhos da inspiração banderiana pouco percorridos pela crítica
Os espelhos de Eduardo Galeano são cristalinos e impiedosos: pequenas visões que ferem apenas os muito vaidosos e os que acreditam que os valores estão na superfície dos corpos, nas imagens ideais e nas verdades inventadas
“O livro número um do Brasil”– que neste dezembro completa 106 anos de publicação – diz muito de um drama da história nacional, e também de dramas dos tempos atuais
No quinto número de nossa seção Vice-Verse, coordenada pela jornalista e tradutora Marina Della Valle e dedicada a traduções de poesia e prosa em língua inglesa, apresentamos novos poemas de Ezra Pound, traduzidos do livro "Lustra"
As narrativas de José Cardoso Pires e Jean-Dominique Bauby funcionam de modo a resgatar a dignidade do homem diante de situações que teriam tudo para reduzi-lo à condição de simples joguete do destino, de “ser” impotente diante de uma condição que lhe escapa à compreensão
“O passado”, de Alan Pauls, é uma viagem, uma vertigem cortazariana ao fundo do coração de um homem dilacerado, feito em pedacinhos como os bilhetes e papelotes que consome sem nem mesmo saber ao certo por quê
A impressão que tenho ao ler e reler qualquer um dos textos de Fernando Sabino é a de que tudo nele era puramente literário
Assim como “Respiração artificial”, de Ricardo Piglia, “História do pranto” já pode ser considerada uma obra importante sobre o período de exceção latino-americano
O passado dói
“O passado”, de Alan Pauls, é uma viagem, uma vertigem cortazariana ao fundo do coração de um homem dilacerado, feito em pedacinhos como os bilhetes e papelotes que consome sem nem mesmo saber ao certo por quê
Aqui
Impressionismo em tons de cinza
Assim como “Respiração artificial”, de Ricardo Piglia, “História do pranto” já pode ser considerada uma obra importante sobre o período de exceção latino-americano
Aqui
Copacabana classic
Poema
Aqui
Tabuleiro sem limites
A impressão que tenho ao ler e reler qualquer um dos textos de Fernando Sabino é a de que tudo nele era puramente literário
Aqui
Não se dão conta do óbvio: partir de Marianna, por causa da própria natureza da cidade, significa voltar a ela
O começo do livro é engraçado, cheio de brincadeiras do tipo perco-o-leitor-mas-não-perco-a-piada
Anne Cheng consegue encontrar uma perspectiva equilibrada ou correta para apresentar aos ocidentais uma história do pensamento chinês
A mim, ninguém oferecia um gole, ao velho que já passou do tempo. Mas eu não sentia. Minha boca, enrijecida, já se acostumara à posição de paralisia, lábios e gengivas endurecidas sem ambição alguma de falar
A aventura intelectual chinesa
Anne Cheng consegue encontrar uma perspectiva equilibrada ou correta para apresentar aos ocidentais uma história do pensamento chinês
Aqui
Um mapa dos corações humanos (de São Paulo e do Brasil)
O começo do livro é engraçado, cheio de brincadeiras do tipo perco-o-leitor-mas-não-perco-a-piada
Aqui
Três minicontos
Não se dão conta do óbvio: partir de Marianna, por causa da própria natureza da cidade, significa voltar a ela
Aqui
Nenhum romance ou conto, nem a soma do que li, me humanizou ou me induziu a ser uma pessoa melhor
Rubens Borba de Morais pesquisou bibliotecas européias, norte-americanas e brasileiras para escrever sua “Bibliografia brasiliana”, descritiva de livros raros sobre o Brasil de 1504 a 1900, verdadeiro monumento de erudição e pesquisa
Como o escritor brasileiro escolhe escrever seus livros? Geralmente se apegando a somente uma forma de sofrer
Já dizer que o Para-si tenha consciência, é questionável. Discute-se nos meios filosóficos se um cidadão que pendura a bandeira do Vasco na janela pode ou não ser enquadrado como um grande conhecedor do mundo. Não sou eu quem diz, é Sartre.
Alternativa à Bienal, mostra de editoras independentes relembra que livros são, acima de tudo, espaço para idéias, inteligência e utopia. Evento abre espaço para iniciativas que não se submetem ao mercado, e combina exposição de obras com programação cultural – onde tem espaço a arte periférica
— E como é que ele é?
— Nem alto, nem baixo. Cabelo curto, olhos azuis, seus sessenta e poucos anos...
— Mas isso todo mundo sabe. Quero saber da vida dele. Como ele é pessoalmente?
Não são poucos os poemas em que Bandeira aborda a infância como região idealizada, cuja simples rememoração pode amenizar o espaço presente da solidão, dor, perda, doenças e aporias que todo adulto precisa lidar [2]
“Maria de Sanabria – a lendária expedição das mulheres que atravessaram o Atlântico no século XVI”, do ítalo-uruguaio Diego Bracco, é um romance histórico sobre a aventura dessa nobre sevilhana que, em 1550, chegou ao litoral de Santa Catarina
As lições de um velho mestre incluem algo que deveria ser essencial para todos: a literatura
A trama de Saramago é simples mas não é agradável. Seus personagens abandonaram toda a esperança, como se diz no pórtico do inferno dantesco
— O canhestro.
— Hein?
— O príncipe das trevas.
— Paulo Coelho adorando o capeta? Agora embolou tudo.
— Avisei...
Um longo adeus que não termina
Não faltam aos versos de Pedro Salinas a substância palpável e viva da experiência amorosa, que os afasta da mera abstração
Aqui
Uma estranha num país estrangeiro
Em “O encontro”, de Anne Enright, ganhador do Man Booker Prize de 2007, o passado ressurge como um país coberto de neblina
Aqui
Mês de desgraça ou descanso
Não tente viver como um francês em Paris em agosto. Já ao longo do ano essa é uma idéia de turista com complexo de superioridade; no verão, simplesmente não é possível
Aqui
Eclipse
Ela dava a volta por um lado da casa, ele partia correndo na direção oposta, mas era no armário de tia Argentina que acabavam os dois, fundidos naquele silêncio e naquela imobilidade
Aqui
Ela dava a volta por um lado da casa, ele partia correndo na direção oposta, mas era no armário de tia Argentina que acabavam os dois, fundidos naquele silêncio e naquela imobilidade
Em “O encontro”, de Anne Enright, ganhador do Man Booker Prize de 2007, o passado ressurge como um país coberto de neblina
Não tente viver como um francês em Paris em agosto. Já ao longo do ano essa é uma idéia de turista com complexo de superioridade; no verão, simplesmente não é possível
Não faltam aos versos de Pedro Salinas a substância palpável e viva da experiência amorosa, que os afasta da mera abstração
As primeiras notas foram facilmente reconhecidas. E todos entraram juntos no refrão de No Woman No Cry. Todos, menos o próprio violeiro, que ficou novamente pelo caminho, mais estático que a Vênus de Milo
Noites que ela guardaria pelo cheiro do cigarro, da terra batida das estradas furtivas, do desodorante impreciso que ele passava, e, por fim, de muito usá-la, aprová-la, repeti-la, ele a tinha declarado única, nunca conhecera carne, cheiro melhor
Quase ri dessa idéia absurda, outra que me cruzava o pensamento sem que eu soubesse de onde nem por que ela vinha. Mas me contive a tempo diante de um par de olhos que pareciam estar levando bem a sério a aventura
Espalham rapidamente as fotografias anteriores na mesa e decidem onde colocar a moça. Ela já está com um vestido longo, azul, semelhante aos usados na virada para os anos sessenta
Debate sobre literatura periférica e um punhado de editoras, universitárias e semi-artesanais, valem a visita. Aí persiste o encanto de uma feira que foi indispensável — mas chega aos 40 anos um tanto decadente e deselegante. Talvez por apostar no gigantismo, e se render à lógica de mercado
Os escritores estrangeiros são recebidos aqui — e não há diferença se bem ou mal: eles são sempre mais importantes — com um tipo de sorriso bastante comum
Solaris é uma revista-portal que não pode ser encontrada em livrarias ou nas bancas – porque ela é mais uma ação viral que uma publicação
“Meio sol amarelo”, de Chimamanda Ngozi Adichie, põe a história da tragédia de Biafra no mapa da geração Google
Edmundo Desnoes, romancista e inspirador de um filme que marcou o cinema cubano, conversa sobre seu processo criativo, as encruzilhadas da Ilha, política e literatura na América Latina, a banalidade do consumo e a importância do ato de narrar, como sentido da própria existência humana
Vladimir Nabokov escrevia um texto como quem tece uma estrutura delicada, respeitando a etimologia do texto como "tessitura", como tecido, algo que é mais tramado e costurado do que criado do nada.
“Jaboc”, de Otto Leopoldo Winck, é um livro em homenagem às palavras, para que elas se guardem até na desgraça por vezes incompreensível que é escrever a qualquer custo.
Qual seria a desse cara? Por um instante imaginei que talvez sua preferência sexual fosse outra, e isso me deixou preocupado, ou talvez aquilo ainda fosse parte de algum plano macabro
No quarto número de nossa seção Vice-Verse, coordenada pela jornalista e tradutora Marina Della Valle e dedicada a traduções de poesia e prosa em língua inglesa, apresentamos poemas de Ezra Pound, do livro "Lustra".
Vice-Verse 4
No quarto número de nossa seção Vice-Verse, coordenada pela jornalista e tradutora Marina Della Valle e dedicada a traduções de poesia e prosa em língua inglesa, apresentamos poemas de Ezra Pound, do livro Lustra.
Aqui
A Defesa Lujin – ou a precisão literária
Vladimir Nabokov escrevia um texto como quem tece uma estrutura delicada, respeitando a etimologia do texto como tessitura, como tecido, algo que é mais tramado e costurado do que criado do nada.
Aqui
Os limites da doença literária
Jaboc, de Otto Leopoldo Winck, é um livro em homenagem às palavras, para que elas se guardem até na desgraça por vezes incompreensível que é escrever a qualquer custo.
Aqui
Portas e vãos
Qual seria a desse cara? Por um instante imaginei que talvez sua preferência sexual fosse outra, e isso me deixou preocupado, ou talvez aquilo ainda fosse parte de algum plano macabro
Aqui
Mídia tradicional multiplica referências a Machado e a Rosa, rendendo-lhes homenagens previsíveis e banais. Coluna destaca outro centenário: o de Solano Trindade. Poeta, dramaturgo, ator e artista plástico, ele cantou a dignidade, as lutas, amores e dores dos negros e dos que vivem do trabalho
“Moby Dick” conquistou admiradores nos mais diferentes quadrantes do planeta. Albert Camus, um deles, chamou seu autor de o “Homero do Pacífico”
Somos criados para aplaudir a mais dramática das desgraças; estamos acostumados a rir do sofrimento e derreter de comiseração pelas misérias. Mas a reação que temos diante de uma alegria pacata, digamos, de atirar pedrinhas no lago, é bem diferente. Bocejamos, viramos a página, mudamos de canal. A bonomia é coisa muito fastidiosa, sobretudo a dos outros
Quando demoramos a morrer, logo entramos na lista dos que já morreram. É inevitável. Não temos o direito de não morrer
Como lidar com o peso daquilo que é criação e que é inexistente, mas que ainda assim sobrevive ao tempo e nunca se desgasta?
Vamos fazer de conta que esses três jovens são brancos e da classe média. Vamos abraçar a Lagoa Rodrigo de Freitas, usar fitinha branca. Chama a Hebe, a Ivete. Ué, cadê todo mundo, porra? Quando morre pobre ninguém quer... E o silêncio é mais covarde e violento do que bala de fuzil
A mão ensangüentada não segurava mais a gilete, mas ela não devia estar longe. Os dedos semidobrados estavam pretos, e em volta do pulso a branquidão extrema da pele era realçada por uma pulseira de sangue seco
Diferente de muitos de sua geração, Miranda July não é dada a pirotecnias visuais ou malabarismos narrativos. Suas histórias são bem diretas, e os personagens densamente construídos
A literatura me atraiu porque nela encontrei histórias distintas, personagens mais humanos do que os reais, mundos que talvez eu nunca alcance
— E aí escolheram a resposta mais criativa.
— Que pergunta?
— "Qual a diferença entre a mulher e a televisão?"
— E o que você respondeu?
— O controle remoto!
Escritor uruguaio lança seu livro mais recente: "Espejos. Una historia casi universal". Em tom de crônica poética, obra passeia por temas como arte, desigualdade, feminismo, mídia, impérios e resistências. "Le Monde Diplomatique" publica uma seleção de trechos, cedidos e escolhidos pelo próprio autor
— Sabe, adoro escutar essa língua.
— E você entende?
— Sim, claro. Sou brasileira.
— Ué. E por que não fala com a gente em português?
— Boa idéia! Sabe, j’aime beaucoup morar em Paris.
Cheguei a fantasiar que o catalisador de toda a história desapareceria de repente ou revelaria ser um demônio, um duende, qualquer ser sobrenatural. Mas qual, o velho continuou encalacrado, olhos nos joelhos, como se nada se passasse à sua volta
Em "Pantaleão e as visitadoras", de Vargas Llosa, a sofisticação do risível está justamente nas sutilezas que o cercam e produzem o humor no seu sentido mais elaborado: no lugar que ocupa entre o cômico e o trágico
Em coletânea de colunas publicadas no jornal inglês "The Guardian", Xinran se esforça para explicar as diferenças entre a China e o Ocidente – e acaba engrossando o coro dos atarantados pela complexidade e velocidade das mudanças naquele gigante asiático
Murilo Mendes escreveu sobre Pierre Jean Jouve em duas oportunidades, para os "Retratos-relâmpago" e para os "Papiers", textos em francês reunidos na edição cuidadosa de Luciana Stegagno Picchio
. No bairro chinês tem um McDonalds com cardápio em chinês. Ou em japonês, sei lá.
. Apesar de ter sido criado por um japonês, o Miojo e seus derivados são chamados aqui de "macarrão chinês".
. O bairro chinês, na verdade, fica na Praça da Itália.
No caso de Joanna Kavenna, apesar de ter 34 anos, foi preciso um amadurecimento de sete romances terminados e rejeitados pelas editoras para que finalmente tivesse um reconhecimento
Lope Félix de Vega Carpio, chamado por Miguel de Cervantes de “monstro da natureza”, é um caso singular de fertilidade criativa
Se tivesse nascido uns trinta ou quarenta anos antes, Lobato provavelmente teria sido convidado para fazer parte da Fabian Society, que tinha entre seus membros H. G. Wells e Bernard Shaw, pregava o socialismo científico ou utópico e previa o progresso da humanidade por meio da ciência
Em “Ruído branco”, tecnologia e consumo são citados em profusão, e não apenas como parte do modo de vida prático, mas como elementos com que os personagens também criam ligações íntimas de pavor ou fascínio
Verdadeiros samurais modernos, munidos de máquinas fotográficas ao invés de espadas, os japoneses não se importaram com as dimensões da obra e nem com o aviso, e saíram clicando em uma velocidade digna de Guiness. Do livro dos recordes, claro, não da cerveja
Para boa parte dos seguidores de Pitágoras, o divino Um era a manifestação inteligível do universo, o Dois colocava diante do homem a presença dos opostos, o Três escancarava os portais do múltiplo
Ainda não havia feito a barba. Áspera. E, na narina, aquele pêlo. Pirata. Não, não era seu aquilo. Um pêlo que crescia de dentro pra fora, a incomodar-lhe, a roçar-lhe o buço, a lembrar-lhe a existência, minuto a minuto, a roubar-lhe tempo
Quem o visse, se o visse, de relance, nesse instante após a metamorfose, não sabia o que via, o que tinha visto, um vulto fugaz, um tiro veloz, um vasto susto, um engano da vista
A voz do homem está mais baixa e rouca, como se ele fosse chorar. Aqui, ó, aqui! Os olhos parecem que vão saltar do rosto e rolar na sarjeta. Agarra a mão e guia para a virilha. Há ali uma coisa cega e sem nome
— Bra bra bra minha mulher bra bra bra bra.
— Eu sei, eu sei. Também acharia estranho o fato de a moto sumir.
— Bra bra bra bra bra loja... Gentil bra bra.
— Que isso... Precisando é só chamar.
Hoje, o jornal que passa por debaixo da minha porta, salvo honradas exceções, é ilegível. Já fiz pesquisas em jornais antigos na Biblioteca Nacional e cheguei a sentir os olhos marejados – de raiva – pela comparação com o jornal pelo qual pago hoje
Creio que a insistência em tentar reconhecer (inutilmente) na literatura contemporânea a semelhança com roteiros de filmes parte apenas primeiramente do leitor, que não consegue mais diferenciar de forma clara as duas (ou mais) artes
No terceiro número de nossa seção dedicada à tradução de poesia e prosa em língua inglesa, coordenada pela jornalista e tradutora Marina Della Valle, apresentamos dois poemas de Erín Moure
E eu não tinha uma droga de um par de algemas. Puxei o cadarço do meu tênis e o usei para amarrar os pulsos de Joana. Apertei o nó com força. Ela não resistiu. Pareceu-me que estava sorrindo
— Essa, não.
— Não quer visitar a Torre Eiffel?
— Quero não.
— Mas todo mundo que vai a Paris visita.
— Pois eu vou ser o primeiro a não ir.
Iuri talvez se aborrecesse com minha afirmação. Ele preferia chegar pelas bordas. Senti que me lançava um de seus olhares de censura, mas eu estava prestando atenção na reação de Jônatas. O homem não se moveu. Não havia como ficar mais branco. Porque havia desconfiado do que estava por vir
De manhã, domingo, o tapete cristalino sobre o chão denuncia a madrugada em que a rua, tão desimportante, pertenceu a pessoas que costumam só ter com ela uma relação de passagem ou compromisso. O bar, portas fechadas, recobriu-se de seu aspecto simplório, por trás da bandeira puída
Histórias novas, e algumas reinterpretadas, vêm outra vez salvar o romance do pecado da falta de originalidade, tendo em vista a existência de seus antecessores. Passei por quase todas elas com o desdém de um “connaisseur” enfastiado
— No fim das contas, o que importa é que o verão está chegando. Quais são seus planos?
— Eu vou pro Brasil.
— Pro Brasil, pro inverno de lá? E vai fazer o quê?
— Como assim? Usar todos esses casacos que comprei, claro.
O cachorro tinha uma mancha de sangue na cabeça e estava próximo a uma porta que devia sair para o lado de fora. O chão me pareceu limpo. Ou sujo o suficiente para que o sangue sequer aparecesse. Inclinei-me por sobre o cachorro e olhei a porta. Dedos na maçaneta
Um dos momentos em que mais se pode reconhecer, reconquistar e exercer a individualidade é durante uma lenta leitura. A mim, a literatura vale muito mais, ou melhor, tem seu real valor quando a atenção despretensiosa mas inevitável é o que move a leitura
Dona de uma visão extremamente singular do mundo, a autora demonstra maestria ao tecer enredos que, no melhor estilo do suspense norte-americano, muitas vezes dependem do elemento surpresa, do engenho ao manipular os elementos narrativos para causar sensações e sugestões
A história está longe de terminar para a FC brasileira. Graças às comunidades de Web, novos autores, que não tinham a menor ligação com o CLFC nem com os autores citados anteriormente, foram surgindo e ocupando um lugar fundamental na literatura do gênero e em suas discussões críticas
É possível imaginar que o sonho de Petrônio seria o de criar uma obra que não fosse uma imitação piorada do modelo, mas uma outra, capaz de expressar essa inadequação; para isso, optou por um gênero ainda pouco prestigiado, o romance, e de um estilo baixo, que não abrisse mão da paródia aos clássicos. O resultado é uma obra de caráter realista
Ao fim do percurso pude ver uma casa pequena – suja como tudo mais naquela região. Com o carro parado, Iuri abriu a porta e foi até um matagal amarelado na direção oposta da casa. Daquele lado o mato seguia até onde eu podia enxergar, mas por todos os outros era tudo uma terra seca e pálida. E a casa velha. Para trás dela era possível enxergar uma parte de um carro vermelho. O Escort
Enquanto espia o chuvisco sobre a folhagem da rua, não percebe como a memória apagou os sofrimentos e fechou as feridas. Restam só as imagens de terras exóticas que o fascinaram, lugares não raro ausentes dos mapas
"Senti o peso e a responsabilidade. 160 milhões de brasileiros e 60 milhões de italianos esperavam ansiosos por alguma ação minha. Respirei fundo e, imitando o meio-campista francês, meti a testa no peito do cara, com mais força do que o previsto"
Talvez a palavra resolva seguir ao lado da literatura, mas também se mantém sozinha, também é seu próprio alicerce. Apenas ela pode se narrar
Sem a desconfiança dos primeiros homens da Igreja, ciosos em preservar o dogma cristão contra aquilo que identificavam como um vestígio das idolatrias pagãs, Charbonneau-Lassay vai buscar não só a interpretação religiosa, mas as numerosas fontes pagãs e o modo como os primeiros cristãos se apropriaram de antigos emblemas locais: a águia, o golfinho, a fênix, o íbis no Egito, o leão em Roma
Lá fora, nos Estados Unidos e na Europa, a ficção científica já saiu da infância há muito tempo. A zona de sombra, a zona do crepúsculo, a Twilight Zone da incerteza aumenta cada vez mais. Os tons de cinza estão cada vez mais ricos. E é nessas frestas entre os tentáculos da besta que a ficção científica atual tem encontrado seu nicho
— Você sabe o que é escargot?
— Não.
— É um caramujo.
— Eca.
— Os franceses comem.
— É por isso que eles fazem aquele biquinho?
John Fowles aproxima-se do modelo do romance vitoriano para negá-lo, ao final. Não sem antes lhe reservar um último golpe: o final em aberto. Não que o romance termine inconcluso; mas possui dois finais possíveis. Na verdade três
Está claro, mas não nítido, por que o desgraçado é assim tão familiar. As paralelas que deveriam se encontrar no infinito podem sofrer desvios. Podem chocar-se ainda no tempo. Eventualmente, acontece
A presença da cultura japonesa na obra de José Watanabe não se limita a elementos biográficos, mas está arraigada numa série de características que revelam um longo convívio com a tradição literária do haicai
(Poema singelo contra a morte)
Todo dia tem uma manifestação em Paris, pelos motivos mais diversos. Ontem, esbarrei em uma passeata pelo direito dos cães. Quando cheguei em casa, encucado, comecei a fazer uma lista de possíveis novas campanhas, organizações e movimentos, caso a inspiração dos parisienses acabe um dia
"Carta a D." não é um livro que somente conta a história de um amor, é o registro de um significado. Um querer teorizar para si mesmo, ver de forma intelectualizada algo que o próprio autor percebeu que não poderia ser transformado em teoria
Ao extrair do inimigo sua força e sapiência, Pullman diminuiu o valor deste e, por conseqüência, o desfecho nada mais é do que uma vitória de Pirro, que não convence a ninguém
O que mais impressiona na engenhosa construção de “O Quarteto...” é a perícia com que Durrell, a partir de uma trama obscura, repleta de ambigüidades, racionaliza e vai contrapondo novos elementos para criar um universo perfeito que o leitor depois irá desvendar — e que irá surpreendê-lo
Lorde Asriel arregimenta um exército composto por homens que sofreram a intercisão, portanto não têm medo, nem imaginação, nem vontade própria
A literatura policial brasileira contemporânea é quase inexistente, mas o mesmo pode ser dito da ficção científica, ou da literatura romântica, ou do romance histórico. Em outras palavras, o que falta no cenário literário nacional hoje não é apenas literatura policial, é literatura de gênero como um todo
Em 2008, com a publicação de sua 8ª edição, a ser lançada no próximo dia 17 de abril, a Cadernos de Literatura em Tradução introduz duas mudanças editoriais. Uma delas é a periodicidade, que passa de anual a semestral. A segunda é a introdução de edições temáticas, que serão alternadas com volumes de tema livre
Em Paris, a beleza brota como uma resposta à opressão do inverno, uma vitória daqueles que sobreviveram, uma ressurreição mitológica revivida a cada ano. A mística em torno do equinócio é profunda, ancestral, dionisíaca. O movimento é patente
No segundo número de nossa seção dedicada à tradução de poesia e prosa em língua inglesa, coordenada pela jornalista e tradutora Marina Della Valle , apresentamos um poema que se encontra entre os primeiros de Sylvia Plath
É terrível e fascinante sujeitar-se à objetividade de si mesmo. Há volúpia e desânimo em sair de si e olhar-se como um objeto midiático, um produto, uma possibilidade. Posicionar-se em relação aos outros idiotas cheios de som e fúria
Na internet, a proximidade do escritor com as opiniões dos leitores é tão instantânea quanto a reação deles ao ler cada linha de suas próprias narrações
Por que a enorme riqueza cultural do Brasil não fez de nós, até hoje, um país de leitores? Retratos da noite memorável em que Chico Buarque, Caetano Veloso, Mia Couto e outros celebraram a obra de Jorge Amado, inspirando a busca de respostas para uma questão que permanece em aberto
O que Lêdo Ivo realiza em versos – e também em alguns de seus ensaios – serve de motivação para a crítica, isto é, deve-se analisar a relação entre modernistas e parnasianos em suas contraposições, mas também em suas convergências.
De súbito, faltou fôlego. Cessou a confusão do batismo cego. Poderia decidir-se por qualquer daqueles nomes, ou qualquer outro; subsistiria o mais terrível dos atributos, sempre. O que trazia nas mãos, nelas teria de seguir.
Se a mitologia penetrante e luminosa da Paris de Hemingway não é mais reproduzível, Vila-Matas acaba por conceber um tipo de mitologia pessoal e específica sobre seu romance de estréia.
— É o Hugo, mexicano?
— Não. É o Daniel, brasileiro.
— Mas você fala espanhol? (...) Que estúpida eu sou. Você fala brasileiro, né?
— Também não.
Ninguém em sã consciência decide ser escritor para que um dia lhe roubem suas idéias e façam o que quer que seja com elas.
Preso no ano de 1939, depois da vitória de Franco, Miguel Hernández escreve no cárcere seus poemas mais intensos, frutos da experiência da injustiça, da morte e da ausência.
Ao deixar um pouco de lado a trama principal para enveredar por um desses caminhos secundários e quase sempre tortuosos, Durrell revela toda sua competência como ficcionista.
Os grandes mestres compõem um subtexto hitchcockiano, com violinos ao fundo, para o leitor. Eles deixam a dúvida e não a certeza. Em vez de “será que é a pessoa X”, o leitor fica se perguntando “será que essa pessoa existiu ou foi só muito bem-inventada?”.
Se os antigos, em pastorais de telas e sinfonias, exultavam de retratar o alívio explosivo das cores a brotar, os modernos têm a ousadia insolente de desmerecer as rosas, reduzidas a atavio.
— É o pão do dia-a-dia no Brasil.
— E vocês o chamam de pão francês? Olha, acho que ele não existe na França.
— Quer dizer que temos sido enganados esse tempo todo?
— Lamento te revelar isso assim, de sopetão.
A Catalunha está no auge de sua prosperidade, pois domina o Mediterrâneo. Mas esse poderio comercial não esconde as marcas de uma sociedade profundamente estratificada.
A exposição nos permite questionar os códigos morais ou o que parece se estabelecer como moralmente aceitável, a partir dessa literatura que vai justamente pesquisá-los, como, por exemplo, o Marcel Proust de Sodoma e Gomorra e o drama dos “invertidos”.
Para Górki, o bravo homem russo é aquele que vive plenamente o real, que coloca a mão na massa, e que o intelectual nada mais faz que concluir o que, em realidade, o homem que vive plenamente o real já concluiu, passando por dissabores e fazendo, ele mesmo, a História.
Alguns poderiam dizer que saber toda a história antes de escrever tira toda a graça da escrita. Mas literatura policial é um troço assim. É um artesanato com uma técnica.
Os detetives Espinosa e Mandrake, aquele mais do que este, são conseqüência de uma necessidade de auto-afirmação que ainda permeia a literatura de entretenimento no Brasil.
Percebo que não conheço São Paulo. Acredito que ninguém conheça. Pois a cidade não se deixa conhecer. Como se precisasse esconder o rosto, ela abafa a própria voz natural, uma vibração produzida a cada instante pelo flutuar de seus habitantes.
Os trabalhos do historiador britânico Geoffrey Roberts rejeitam a caricatura do dirigente soviético como um ditador tirânico e incompetente. E enfatizam seu papel decisivo na derrota do nazi-fascismo. Bem como seu esforço para assegurar à Rússia devastada pela Segunda Guerra algumas décadas de paz e segurança
Citar é estar de tal forma na literatura que só a própria criatividade não é suficiente, deve-se buscar ferramentas criadas por diferentes autores, desconstruir pensamentos e identificar até migalhas espalhadas que ainda não haviam sido vistas.
“Freud e o estranho – contos do inconsciente”, mesmo sendo irregular, não deixa de ser interessante. Em primeiro lugar, pela caprichada apresentação do volume, com notas bastante explicativas acompanhando os contos, além de comentários reunidos ao final do volume.
De que matéria, afinal, é feita a ficção — Górki parece perguntar — e por que ela o cativa de maneira tão impressionante e, ainda, por que o que é ficcional pode ser tão belo, apropriado, sublime e, por vezes, inapropriado, já que não se cola ao real?
Um país de não-leitores
Em 2002, um quarto da população brasileira com mais de 10 anos de idade tinha menos de quatro anos de estudos completos: 32 milhões de analfabetos funcionais. Estatisticamente, o brasileiro não estuda, e quem não estuda não lê
Aqui
A fantástica fábrica de salsichas
O curso de P. E. também realiza visitas guiadas a editoras. Essa, sim, foi a parte mais empolgante do meu treinamento de agente secreta (com licença, sofro de imaginação galopante): me infiltrar no terreno inimigo e desvendar seu modus operandi
Aqui
Sob a luz de Matisse
“O autêntico criador não é apenas um ser dotado, é um homem que soube ordenar em vista de seus fins todo um feixe de atividades, cujo resultado é a obra de arte.” – Henri Matisse
Aqui
Os cheiros da terra
Que a terra na França exale um perfume rústico e irresistível quando chove sobre ela, admito com prazer. Mas empenho minha palavra como não é igual ao que inspirei nesta manhã em Guarulhos e experimentei tantas vezes, em inúmeros recantos do país
Aqui
Que a terra na França exale um perfume rústico e irresistível quando chove sobre ela, admito com prazer. Mas empenho minha palavra como não é igual ao que inspirei nesta manhã em Guarulhos e experimentei tantas vezes, em inúmeros recantos do país.
A organização caótica da narrativa passou, em dado momento, a dispersar minha atenção. Chega uma hora em que belas figuras de linguagem e descrições primorosas tornam-se insuficientes para cativar um leitor que preza uma condução mais segura da história.
Publicado pela primeira vez em 1960, na Inglaterra, “Beijo”, de Roald Dahl, é formado por onze contos em que prevalece o tom sombrio, com detalhes do cotidiano que, aos poucos, constroem um clima de suspense e terror.
Quando encontro uma literatura feita a partir de certo surrealismo fantástico, ela tende a me agradar muito mais. João Paulo Cuenca mergulha nessa classe com maestria.
É interessante notar a maestria do autor em elaborar ficcionalmente e em detalhes as suas memórias daqueles anos, sem deixar de dar-nos um painel, ainda que muito sutilmente, do modo de viver do russo, do “homem comum”, no século 19.
Imagine, quanta identificação, quanta empatia, quando o povo soubesse que o presidente é tão normal, "como todo mundo", que foi até traído pela mulher! Mas, estranhamente, houve pouco mais do que alguns comentários chistosos, nos botecos e nos cartuns, sobre o "reizinho corno". E o assunto morreu.
Com mais de cem mil exemplares vendidos na Espanha, traduzido na Alemanha, França, Itália, Holanda, Sérvia, Israel e Romênia, e às vésperas de ser transformado em filme, "Os girassóis cegos" passou despercebido da grande imprensa.
Nenhum escritor está disposto a se colocar como um escritor menor, um mero escritor de literatura de entretenimento. Dos poucos escritores brasileiros de literatura policial, a maioria ainda pretende se colocar uma importância que não deveria ter.
A partir deste número, damos início a uma seção de tradução de poesia e prosa em língua inglesa, coordenada pela jornalista e tradutora Marina Della Valle marina_dellavalle@yahoo.com.br.
O que caracteriza o conjunto de ensaios de J. K. Huysmans é a alternância entre a militância inicial ao lado da pintura impressionista, dos salões dos independentes ou de vários artistas e o caminho religioso que o faria aproximar-se da pintura de Fra Angelico ou de Mathias Grünewald
João Antônio alega ter buscado firmar um compromisso com o leitor brasileiro, o qual procurou conhecer a fundo, a fim de desmistificar a sentença de que “não temos leitores”.
Os que conhecem a autora americana Janet Malcolm sabem que não encontrarão em ’Two lives – Gertrude and Alice’, seu último livro, uma biografia no sentido estrito da palavra.
O escritor é o leitor que acompanha detalhadamente cada passo de um texto e cabe a ele decidir os rumos — mesmo que depois os encontre errados — de sua criação.
Escritor de pedras e livros, inventor de desvairios como os Saraus e a Semana de Arte Moderna da Periferia, Sérgio Vaz fala sobre literatura, talento pessoal, rap&MPB, esquerda. Ele vê as quebradas como "a Palestina brasileira", mas avisa: "Não abrimos mão da dignidade. E nosso palco é merecido"
Sem colocar seu detetive no divã, Garcia-Roza conseguiu, de livro a livro, criar uma figura carismática capaz de comportar questões graves de maneira bastante verossímil.
Cynthia Cruttenden mobiliza sol e lua para construir um mito quase de fecundação. Keiko Maeo encena a descoberta e o crescimento sensorial do homem.
Há tradutores por aí que, por falta de humildade ou excesso de preguiça, recusam-se a abrir qualquer dicionário. Mesmo os eletrônicos. Eles sabem tudo, e o que não sabem, podem adivinhar. Ou inventar.
São os orientais, hoje, que não respeitam nada do que já há; pensam no que ainda haverá, e interpretam o presente como mera matéria-prima, tão bruta e maleável como a areia da praia.
A escassez da obra de Porchia é uma decorrência natural, necessária, da sua capacidade de condensação: uma única voz parece requerer uma eternidade de silêncio e meditação.
Assim Assis Brasil se mostrou em seu romance: mantendo um ritmo sensatamente emocionante do começo ao fim, com a honesta prioridade não de impactar, mas de ser fiel ao texto, ao tom de narração escolhido.
Que o leitor mais exigente não se engane: há, em tais best-sellers, algo que cativa e que aparece justificado num fazer literário que, não sendo fruto da mente de gênios da literatura, ainda assim, tem o seu lugar.
Numa sociedade esgotada ideologicamente e marcada pela força crescente do dinheiro, eles buscam um sentido para a vida falando de sexo e transgressão — e difundindo suas obras via internet ou em cópias píratas
"As provas da existência do inimigo interior são imensas e as de seu poder esmagadoras. Creio no inimigo porque, todos os dias e todas as noites, eu o encontro em meu caminho. O inimigo é aquele que, do interior, destrói o que vale a pena. É aquele que lhe mostra a decrepitude contida em cada realidade."
Amélie Nothomb, Cosmética do inimigo
Ao dar o título do seu livro a uma personagem obscura e que pouco aparece na narrativa, o autor sugere uma visão sobre o lugar que a literatura possui nos dias de hoje.
Para um escritor com ambição total, a busca por todos os leitores possíveis não implica condescendência ou simplificação; ao contrário, ela implica excelência e versatilidade
No romance Uma questão de loucura, Ismail Kadaré empresta ao narrador aguda capacidade de observação e de fantasia, para recuperar, como em outras obras, a história da Albânia
Nos poemas aqui traduzidos, inéditos no Brasil, Yves Bonnefoy fala de um eterno renascer, contra os desígnios da morte e do esquecimento.
A edição bilíngüe de "O olho imóvel pela força da harmonia", seleção de poemas de Wordsworth, traz, pela primeira vez em português, trechos do prefácio ao livro Lyrical ballads, volume escrito por Wordsworth e Coleridge, considerado um marco do Romantismo nas letras inglesas
Nem o mais aloprado dos econometristas haverá de encontrar traços de eficiência no ato de mandar cento e sessenta policiais (escrevo por extenso para aumentar o impacto) para combater uma pequena, digo mais, minúscula greve de estudantes.
Até que ponto é possível reduzir o gênero policial a um punhado de características?
Entre o romantismo e a modernidade
Em contraste com a sintaxe e o léxico sonoros e altissonantes das obras de Espronceda e Zorilla, os poemas de Bécquer apresentam uma linguagem depurada e concisa
Aqui
Dois poemas
Aqui
Sabores, cheiros e cores
"O homem tinha (eu achava) cara mesmo de pescador: faces descarnadas, secas de sol, a barba cinzenta e rala encompridando o bigodão. Enfiados nos braços, os cestos de vime: gingando no passo dele, tampas saltando, os peixes querendo fugir, voltar ao Guaíba, ao Taquari – nadar"
Aqui
A essência esquecida
Se o crítico é o maior defensor da literatura, ele tem o dever de saber que o melhor livro já escrito não vai cair em suas mãos nesta vida.
Aqui
Dia da Consciência Negra desencadeia, em São Paulo, semana completa de manifestações artísticas. Nosso roteiro destaca parte da programação, que se repete em muitas outras cidades e volta a realçar emergência, diversidade e brilho da cultura periférica
Invariavelmente realizados em botecos, os saraus da periferia são despojados de requintes. Mas são muito rigorosos quanto aos rituais de pertencimento e ao acolhimento. Enganam-se aqueles que vêem esses encontros como algo furtivo e desprovido de rigores
O perfeito bibliotecário
Aqui
Sutilezas entre ocultar e dizer
Aqui
Percepção de méritos
Quem julga um texto pela personalidade do escritor é incapaz de construir um argumento para sustentar boas idéias.
Aqui
Clarice Lispector: uma escrita indigesta
Em Clarice, os traços convencionais da narrativa são refundidos numa escrita não raro dura de roer, principalmente para leitores desabituados aos fluxos de consciência, às tramas pouco lineares, a espaços fragmentários, às fusões entre narrador e objetos descritos, à mistura de gêneros.
Aqui
Programação completa da Semana de Arte Moderna da Periferia
Semana de Arte Moderna da Periferia começa dia 4, em São Paulo. Programa desmente estereótipos que reduzem favela a violência, e revela produção cultural refinada, não-panfletária, capaz questionar a injustiça com a arma aguda da criação
É exatamente isso que também faz do grande escritor um grande leitor. Acredito ser o espírito da profissão: a busca pelo conhecimento infindável da língua, para que a pessoa possa se expressar de todas as formas possíveis e atingir as improváveis.
para a Dri
Mais do que uma história de filho doente, O filho eterno é uma bela reflexão sobre a paternidade, sobre ser escritor e sobre o momento político conturbado dos anos 1980
São 42 pequenas entrevistas. Profundas, às vezes. Deliciosas, sempre. Fui direto às minhas predileções e curiosidades.
Estrangeiro em tudo e todos. O autor incursiona pelo encanto sombrio da Cidade Luz, onde seus sentimentos mesclam-se de forma sinestésica e paradoxal entre o medo e o fascínio diante da outra face de Paris
Em “Memórias de Porco-Espinho”, Alain Mabanckou parodia a lenda de que cada Homem tem seu respectivo duplo animal. Um Porco-Espinho protagoniza como uma espécie de alter ego do jovem Kibandi, que concretiza seu prazer mórbido por meio da pungência desse duplo
“A experiência é o bastão dos cegos, e aprendi que o que conta é a rebelião, e o conhecimento de que o homem é o padeiro da vida. Ah, a nós, é a vida que nos petrifica. Porque vocês são uma massa resignada, é isso que vocês são”
O editor da seção anuncia: “a cada semana, uma nova edição, para reverenciar a literatura – ou, antes dela, a Palavra”
Isa Fonseca analisa autora norte-americana que se suicidou em 1962, aos 31 anos, semanas após escrever um dos grandes romances século 20
"No rádio, tocou Sampa, justamente quando eu cruzava a esquina da São João. Nenhuma coisa aconteceu no meu coração"
Comme tous les après-midi [Como a cada tarde] e On s’y fera [A gente se acostuma], adentram num mundo que parece tão oculto: o iraniano. Nesses livros, a autora Zoyâ Pirzâd - talvez uma espécie de Clarice Lispector iraniana - perscruta o universo feminino de maneira despojada
Uma provocação: e se "Os 120 dias de Sodoma", de Sade, forem uma metáfora da racionalidade, dessensibilização, hierarquia e prazeres impossíveis que caracterizam as sociedades dominadas por mercados?
Nascidas das louvações a Deus, em idioma sagrado, as literaturas indianas compõem uma tradição marcada pela diversidade de gêneros; por temáticas que vão do casto ao heróico e ao profano; pelo desejo, desde Buda, de fazer arte nas múltiplas línguas faladas pelo povo
Cada vez mais conhecidos no Ocidente, os escritores indianos contemporâneos são homenageados no Salão do Livro de Paris. Vale conhecer a tradição literária milenar de que fazem parte: um universo vibrante em que sobressaem crítica social, erotismo e transgressão
Lutando contra traumas de duas guerras, o país atrai investimentos, cria pólos de alta tecnologia e influi nos rumos Sudeste Asiático. Uma abertura cultural vai deixando para trás o "realismo socialista". O PC procura uma modernização na qual mantenha o controle do poder
Movidas pelo amor à literatura e empenhadas em oferecer diversidade, as editoras não-comerciais têm prosperado. Mas não dever haver ilusões: para que esta aventura prossiga, é preciso salvá-las do mundo das selvas e dos predadores
Poderia ter sido na Palestina, mas também em muitos países da África ou da Ásia. Onde as brincadeiras acabaram e as crianças, como os adultos, vivem a guerra. Mas nem o medo, nem a dor, conseguiram matar a esperança. Um conto do escritor John Berger
Por que o esclarecimento das ações de extermínio desencadeadas pelo regime franquista é essencial para que a Espanha se reencontre consigo mesma
Setenta anos após a eclosão da guerra civil espanhola, a literatura volta a resgatar a saga dos que foram derrotados por terem cometido "o crime imperdoável de estar adiante"
Que se passará com sociedade, cultura, arte e ciência na França, quando já não restarem árabes. Fábula inédita de Tahar Bem Jelloun
Lançada, na França, a obra completa do autor que dissecou a “Sociedade do Espetáculo”. Da crítica da arte à análise política, textos revelam pensamento que, ao destacar o caráter alienador do capitalismo, defendia o direito do ser humano a inventar sua própria vida
A humanidade triunfará. Ela o fará porque, apesar dos acidentes da história, o romance nos diz que a arte nos restaura a vida, a vida que a história, em sua precipitação, desprezou
Eu não faço jorrar sangue, apenas palavras. Mas quem tem necessidade delas, por mais que se esforcem para ser contemporâneos, quem tem necessidade delas?
A escritora desprezada pela mídia e pela direita liberal-conservadora austríaca recebe o Nobel de literatura, com uma obra que põe o dedo nas feridas de seu país
As aventuras literárias nos colocam diante da questão crucial: como pensar a forma de totalitarismo nova que se sente apontar, ao mesmo tempo que a liberdade parece ser o paradigma supremo
A Mongólia xamânica está no coração do tempo presente e vive também os abalos e mudanças que determinam nossa existência no planeta. A velocidade crescente e tudo o que a acompanha a inunda cada vez mais
`Hotel Brasil’ (Editora Ática, 276 páginas, 1999, 26 reais), romance onde Frei Betto, animador político da Teologia da Libertação, que fermentou as Pastorais, viveiro de dirigentes políticos como Lula e João Pedro Stédile, do MST, apresenta suas idéias sobre o Brasil nesta narrativa policial clássica
Ao receber o Prêmio Nobel da Literatura, o escritor sul-africano John Cotzee contou uma enigmática história que, na verdade, é uma metáfora que evoca o mistério da inspiração e da relação entre o escritor (ou o escriba?) com o narrador da escrita
“Mas, para retornar a meu novo companheiro. Eu estava extremamente deleitado com ele, e transformei em meu negócio a tarefa de ensinar-lhe tudo que era apropriado, acessível, e útil; mas especialmente, fazê-lo falar e compreender o que eu falo; e ele era o mais apto aluno, como jamais houve”.
Daniel Defoe, Robinson Crusoe
O que vale, na nova orientação do mercado editorial, não é conteúdo, cultura ou valor artístico, e sim a capacidade de um autor ? às vezes de um só livro ? de se impor comercialmente nas áreas lingüísticas mais rentáveis
Túmulo do escritor argentino em Paris, morto há 20 anos, é palco de discreta peregrinação que homenageia o lúdico e engajado defensor da ligação não dogmática entre literatura e revolução
Nossa história cultural jamais conheceu um gênio comparável a Edward Said, tão múltiplo, tão singular
Uma biografia, baseada em parte em relatórios do FBI, conta a história do primeiro militante anti-racista e romancista negro norte-americano, Richard Wright (1908-1960), que denunciou em seus romances a pobreza, a violência e o preconceito
A escritora britânica Doris Lessing nasceu em 1919 e instalou-se com seus pais na Rodésia do Sul (atual Zimbábue) aos 6 anos de idade. Identificada como a militante feminista que abalou as idéias conservadoras com seu romance ’cult Carnet d’or’ (Carnê dourado), foi também uma combatente heróica contra as injustiças, o colonialismo e o ’apartheid’. Hoje, aos 84 anos, Lessing não hesita em falar sobre suas decepções com o feminismo, mas também com os dirigentes do Zimbábue, pois lutou muito em prol da independência desse país. Traça aqui um retrato acusador contra o controvertido presidente Robert Mugabe. Trata-se de um autocrata que mandou prender seu principal oponente, Morgan Tsvangirai, antes de ser obrigado a libertá-lo. Mas sua política é também marcada pelas pressões econômicas e políticas das potências internacionais.
Há muitos anos o célebre escritor colombiano vem se dedicando a suas memórias, cujo primeiro volume sairá na França em outubro. Nesse meio tempo, ele escreveu uma série de seis contos que podem ser lidos de maneira independente, sem ligação entre si. Com título «En agosto nos vemos», também podem ser fruidos em ordem, com a continuidade dramática de uma novela. Este é o terceiro da série
Autor de obras marcantes, como ’Imperium’ e ’Ebano’1 , novo livro do famoso jornalista polonês narra a incrível e ridícula guerra entre Honduras e El Salvador causada pelos tumultos ocorridos durante as eliminatórias da Copa do Mundo, em 1969
O tecido temático do romance reflete toda a obra de Kundera, que tem a coerência de um grande romance. A proeza é ter condensado toda esta riqueza temática em menos de duzentas páginas. Raramente a arte do romance atingiu tal densidade
Afastando-se dos clichês turísticos, o autor de ’A invenção de París’ faz um trabalho de erudição histórica surpreendente e aborda uma cidade de escritores e rebeliões, que guarda lugares onde se condensa uma memória ao mesmo tempo insurrecional e poética
“Toda a cidade de Tetelmünde estava em chamas; uma tocha grandiosa, iluminada pelo furor ancestral dos obcecados, nos quais, inesperado, exigindo seus direitos, renascia o principal instinto do homem: a destruição.”
A principal preocupação do escritor Günter Grass é com a releitura acrítica do nacional-socialismo pelas jovens gerações que, após quatro décadas de República Democrática Alemã, não se deixaram influenciar pelo antifascismo comunista
Três escritores – um italiano, um paquistanês e um libanês – discutem e analisam, em três livros distintos, os “mistérios” que separam as civilizações oriental e ocidental, dos “misticismos” islâmicos à “modernidade” do neoliberalismo global
Baseando-se em uma farsa anticlerical do século XVI, Goytisolo transporta para o século XX um frade devasso que narra suas façanhas (sobretudo homossexuais) e detalha suas luxúrias, pervertendo o breviário da Opus Dei, Caminho – escrito por Escrivá de Balaguer
Em seu romance ’Travail’, Emile Zola expõe, numa narrativa sobre o movimento operário do final do século XIX, sua genialidade e suas contradições, oscilando entre uma admiração reverente por Fourier e o determinismo brutal do capitalismo incipiente
Os melhores antídotos contra o antiamericanismo são justamente os textos de inúmeros escritores norte-americanos, que defendem uma certa idéia dos Estados Unidos e de seus valores contra aqueles que representam e ilustram seus governantes
Depois de Tagore, Narayan e Raja Rao, hoje considerados clássicos, sempre houve escritores indianos nos catálogos dos editores de língua inglesa. Mas, nos dois últimos anos, houve um autêntico boom. Quais seriam as razões desse sucesso?
O escritor visita a ex-Riviera britânica, cidades que já foram símbolo da aristocracia vitoriana. Hoje, tragadas pelo mar, são meras sombras do que foram. Com caçadas ao homem, drogas e álcool, as pessoas tentam driblar o tédio, auto-destruindo-se
Le Monde diplomatique publica, nesta edição, um conto inédito do escritor chinês Xu Xing. Trata-se da história de um jovem camponês que, chegando à cidade, vê-se frente a frente com o mundo insólito do capitalismo selvagem
Livro de escritor angolano é uma deliciosa sátira social, crítica da corrupção e da indiferença de uma elite que virou as costas ao seu povo
Uma retrospectiva do romance político latino-americano
Em ’Out of Place’, autor mostra por que é, além de um grande erudito, rebelde e estrangeiro em qualquer parte
A festa do Bode, de Mario Vargas Llosa (trecho)
Em Mario Vargas Llosa coabitam o panfletário neoliberal, presunçoso e medíocre, e um romancista com a veia de Flaubert e de Faulkner, que se lembra de ter sido, por muito tempo, marxista – e até castrista – e que fascina os seus leitores
A guerra, na Palestina, não é feita apenas contra a população, mas contra o território. A destruição vista pela delegação de escritores que visitou a região, em março deste ano, ganhou este relato emocionante de Christian Salmon. Na mesma delegação, foram Russel Banks (Estados Unidos), Bei Dao (China), Breyten Breytenbach (África do Sul), Vincenzo Consolo (Itália), Juan Goytisolo (Espanha), José Saramago (Portugal) e Wole Soyinka (Nigéria)
Do nascimento à utilização das bombas, ontem, como hoje... sempre contra os “selvagens”. Em Maintenant, tu es mort, um ensaio bastante original, o romancista sueco Sven Lindqvist reconstitui, na forma de artigos curtos, a história dos bombardeios, do qual publicamos alguns trechos
O livro é apresentado como uma pesquisa, a partir de um fato real. O fato refere-se a Rafael Sánchez Mazas, fundador, com José Antonio Primo de Rivera, da Falange (partido fascista espanhol) e pai do grande romancista Rafael Sánchez Ferlosio
Naipaul identifica-se completamente com os valores britânicos, como se renegasse seu percurso e tivesse rompido todas as ligações com seu passado – nasceu em Trinidad, em 1932, numa família indiana imigrante, de alta casta, mas pobre
Que poção mágica estimula tanto a fascinação por Harry Potter? É bom saber que essas aventuras não são apenas um “melting pot” de bruxos, caldeirões e sortilégios, mas respondem a algumas das preocupações de seu público-alvo, a faixa de 11 a 14 anos
Os “doze revolucionários sem revolução possível”, ressuscitados por Paco Ignacio Taïbo, levaram uma vida louca, e muitas vezes trágica, não recuando diante da violência em seu desejo místico de mudar o mundo
Romance inglês apresenta uma sociedade futura divida entre os que têm acesso à Saúde e os condenados à morte pela doença. Um acaso leva o cientista que criou o apartheid a unir-se à gentalha
Sai na França novo livro do romancista luso Lobo Antunes, genial porém pouco conhecido no Brasil
[1] O texto do título foi extraído do livro São Paulo, a cidade literária, do próprio Mauro Rosso, publicado em 2004 e próximo de ser reeditado.
[2] Este artigo é um fragmento – especialmente preparado pelo autor para esta edição do Palavra – do livro Manuel Bandeira e a música: com três poemas visitados, que Pedro Marques lançou recentemente pela Editora Ateliê, em co-edição com a FAPESP.